O funcionário da Secretaria Municipal do município de Boquim (SE) e supervisor do Programa Bolsa Família, Genivaldo Mendonça de Jesus, o “Gigi”, está preso desde o final da tarde de ontem, acusado de fraudar o programa. A prisão preventiva foi decretada pelo juiz Diógenes Barreto. Ele foi enquadrado nos artigos 71 e 171 do Código Penal que caracterizam estelionato de forma continuada e, se condenado, por pegar de um a seis anos de prisão.
Com um mandato de busca e apreensão expedido pelo juiz, os policiais encontraram na casa de Genivaldo, cartões do programa, ficha de abertura de contas bancárias em branco e preenchidos, extratos de movimentação bancária de diversas pessoas, cópias de carteiras de identidade e documentos privativos da Caixa Econômica Federal (CEF).
As investigações em torno das atividades de funcionário da Prefeitura de Boquim, que fica a 82 quilômetros de Aracaju, começaram no final do mês passado, quando 20 pessoas foram ouvidas pelo promotor de Justiça, Eduardo Franklin Miranda. Com os depoimentos, a promotoria descobriu como Genivaldo agia para fraudar o Bolsa Família.
De acordo com o promotor, Genivaldo ia com o beneficiado a uma agência da Caixa Econômica Federal (CEF) fazer o desbloqueio da senha. “Ele enchia um ônibus e levava o pessoal para a agência da Caixa em Estância, já que em Boquim não temos o banco”, conta o promotor. Em seguida, ele pegava os quatro últimos números do cartão da pessoa e acrescentava dois zeros para criar uma senha. Assim, ficava fácil saber a senha de cada um e sacar o dinheiro. O promotor ressalta que, como Genivaldo era o supervisor, as pessoas acabam confiando nele e eram lesadas.
Funcionário da prefeitura há quatro anos – ele começou como supervisor do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (Peti) – Genivaldo recebe um salário de R$ 360 mensais, mas pelos extratos bancários encontrados pelo delegado Sílvio Pereira, a polícia desconfia que ele movimentava grandes somas de dinheiro. O promotor vai pedir a supervisor do Programa Bolsa Família e quebra do sigilo bancário. Na próxima quarta-feira, Genivaldo será interrogado pelo juiz Diógenes Barreto, no Fórum de Boquim.