Acordo para o gás prevê equação financeira complexa

O acordo anunciado ontem entre Brasil e Bolívia para aumentar a remuneração dos bolivianos com a venda de gás ao País – sem alterar o acordo já existente entre os dois países – envolve uma complexa equação econômica e financeira.

O gás natural importado pelo Brasil da Bolívia tem, em sua composição, diversos tipos de gases e componentes. O mais barato é o metano, que é suficiente para gerar calor para as usinas termelétricas ou para as indústrias, que queimam gás em suas caldeiras, ou ainda para abastecer os carros movidos a Gás Natural Liqüefeito (GNL).

Além do metano, o gás natural tem alguns componentes mais nobres e mais caros, que têm outras aplicações. É o caso do etano, usado na produção de plásticos, do Gás Liqüefeito de Petróleo (GLP) – que é conhecido como "gás de cozinha" – e da "gasolina natural", usada como matéria-prima na indústria petroquímica.

Normalmente, os países que exportam gás natural possuem fábricas capazes de separar esses componentes, para poder vendê-los à parte. Mas esse não é o caso da Bolívia.

Foi a partir desse quadro – de o Brasil comprar um gás mais "rico" da Bolívia – que os dois países acharam uma brecha para, na prática, aumentar o valor pago aos bolivianos sem alterar oficialmente o preço do gás estabelecido em contrato.

Ficou acertado que a Petrobras pagará à Bolívia um valor adicional pelos componentes mais nobres presentes no gás. Esses componentes fazem com que o combustível vendido ao Brasil tenha um ‘poder energético’ superior a 8.900 quilocalorias (Kcal) por metro cúbico de gás. A quilocaloria é uma unidade de medição do poder energético de uma substância.

Voltar ao topo