Abatido e cabisbaixo, Edinho prestou depoimento e voltou para a cadeia

Praia Grande (SP) (AE) – Ronaldo Duarte Barsotti, o Naldinho, preso há dois meses sob a acusação de tráfico de drogas, prestou depoimento hoje (19) no fórum de Praia Grande, na Baixada Santista. Outros nove acusados de pertencerem à sua quadrilha também prestaram depoimento, entre eles, o ex-goleiro do Santos Edson Cholbi do Nascimento, o Edinho, filho de Pelé. Durante seu testemunho, Naldinho acusou seis policiais de tentativa de extorsão antes de sua prisão, defendendo a tese de um complô contra ele.

Edinho foi o segundo dos presos a ser ouvido. Seu depoimento demorou uma hora e meia e, segundo o advogado Eduardo Elias, que defende Naldinho, "foi emocionado, emocionante e desmitificador". Para ele, "muitas verdades que foram criadas de forma espectaculosa caíram". Segundo ele, Edinho foi usado em todo esse processo. "O Naldinho foi preso diversas vezes, e nunca um repórter sequer esteve lá. Foi preciso prender Edinho para ter todo esse espetáculo".

Antônio Cláudio Mariz de Oliveira, defensor de Edinho, disse que o depoimento de seu cliente foi "muito bom". "Ele repôs a verdade e pela primeira vez teve a oportunidade de dar suas versões sobre todos os fatos, mostrando a sua distância dos fatos criminosos imputados pela acusação. Ficou demonstrado que ele não é traficante, não praticou qualquer associação para o tráfico de drogas", comentou. Segundo seu advogado, Edinho contou que é viciado em drogas e que "conhecia Naldinho e alguns membros da suposta quadrilha de tráfico, mas nunca se envolveu com o tráfico. Foi só uma relação de amizade e nem eram tão íntimos porque se conheceram em outubro do ano passado e isso ocorreu porque o pai de Ronaldo foi jogador de futebol e jogou com Pelé".

O advogado Sidney Gonçalves, que também defende Edinho, admitiu que seu cliente buscava alguns negócios com Naldinho, "mas todos com origem lícita". Gonçalves pretende pedir a liberdade provisória de Edinho. A decisão sobre o pedido será tomada só na semana que vem, pois o Ministério Público tem de se manifestar antes. Ele aguarda uma decisão para segunda ou terça-feira.

Segurança

O Fórum de Praia Grande amanheceu cercado pela polícia, que montou um forte aparato para manter a segurança do local que recebeu Naldinho e outras nove pessoas acusadas de participação em sua quadrilha de tráfico de drogas. Às 11 horas, o primeiro acusado atravessou o corredor algemado e vestindo um uniforme alaranjado, como todos os outros depoentes. Era André Eugênio de Souza, que foi preso no sítio em Ribeirão Pires que seria de propriedade de Naldinho. Ele negou conhecer o traficante e a origem das drogas e as armas encontradas na propriedade.

Às 11h45, foi a vez de Edinho. Abatido e cabisbaixo, ele foi fartamente fotografado e filmado quando passou pelos jornalistas. Não levantou a cabeça, mantendo o mesmo procedimento na volta. Naldinho mais uma vez desafiou os repórteres: algemado, ele levantou as duas mãos para fazer gesto obsceno com os dedos.

Os advogados de defesa conseguiram a retirada do microfone que o Denarc havia colocado no local. Pedro Lazarini Neto explicou que o objetivo era gravar a voz dos depoentes "de forma a completar a perícia que estão realizando nas gravações". Para ele, "os acusados estariam produzindo provas contra eles mesmos, numa violação não só da lei, mas à Constituição e aos princípios gerais do direito". O juiz Edegar de Souza Castro aceitou a tese e mandou retirar o equipamento".

Voltar ao topo