A vez de Requião

Por duas vezes, o senador Roberto Requião esteve próximo de ser candidato à Presidência da República pelo PMDB. Na sucessão presidencial de 1988, após a desistência de Itamar Franco, foi sufragado unanimemente pelos convencionais de todo País, faltando poucos delegados para completar o quorum mínimo legal. Os chapas-brancas do PMDB, fiéis a Fernando Henrique Cardoso, não compareceram, optando pela obstrução, e o PMDB oficialmente não participou do pleito. Na convenção de junho/2002, contra tudo (máquina do governo) e contra todos (executiva nacional), 34% dos convencionais votaram no nome de Roberto Requião, enquanto a maioria escolheu a coligação Serra-Rita, fadada a fragorosa derrota eleitoral.

Requião cumpriu irrepreensível mandato de senador, com destaque à relatoria da CPI dos Precatórios, que resultou em processos e condenações de bancos e financeiras e interrompeu a farra irresponsável dos governadores para angariar recursos ilegais, que se tivesse continuidade poderia pôr em risco a estabilidade do real. Projeto de lei assegurando inviolabilidade das urnas eletrônicas com a impressão do voto, outro democratizando a Lei de Imprensa, o combate aos dispositivos entreguistas da Lei de Patentes, a defesa intransigente da soberania da Amazônia e de todas as teses nacionalistas, o apoio às justas reivindicações do Paraná, asseguraram ao senador Roberto Requião o aplauso do povo paranaense e de entidades e associações representativas da sociedade de todo Brasil, que gostariam que ele continuasse no Senado. Requião teria reeleição tranqüila, mas ele optou por atender ao chamamento dos seus correligionários e do povo paranaense, que clamaram pela sua candidatura ao Palácio Iguaçu.

Sem desmerecer os demais concorrentes, agora é a vez do Roberto Requião eleger-se governador. O Paraná e o Brasil enfrentam gravíssima crise resultante de excessivo endividamento, agravada pelos casos de erosão moral no cerne do capitalismo norte-americano, que colocam em desassossego a economia global. O momento é de colocar no Palácio Iguaçu personalidade com visão estratégica, capacidade de comando e competência administrativa, que enfrente com coragem os problemas daqui e tenha autoridade para opinar nas questões nacionais, evitando desvios de rumos que possam comprometer o futuro da Pátria. Durante os oito anos da presidência Fernando Henrique Cardoso faltaram vozes dos executivos estaduais para profligar os excessos do neoliberalismo, os inconvenientes da demagogia do real sobrevalorizado e os atentados à nossa soberania econômica.

Antes da Lei de Responsabilidade Fiscal, nas suas administrações na Prefeitura de Curitiba (1986 a 1989) e no governo do Estado (1991 a 1994), Requião compatibilizou despesas com receitas, não gastando mais do que arrecadava. Ademais, conseguiu aumentar a arrecadação e ao mesmo tempo praticou justiça social contributiva, isentando o ICMS de mais de 75 mil microempresas, diminuindo a 7% o ICMS dos produtos da cesta básica e de alguns materiais da construção civil, e excluindo o imposto sobre os juros nas vendas a prazo ao consumidor final. Na sua gestão, houve total transparência nos trâmites de licitação para construção de obras e de compras destinadas aos diversos órgãos públicos.

Precisa pulso firme no enfrentamento da bandidagem, a fim de garantir segurança à população. Na Prefeitura de Curitiba, Requião criou a guarda municipal e como chefe do Executivo estadual implantou o Projeto Povo (Policiamento Ostensivo Volante), executado dia e noite por equipes da polícia militar, portando telefone celular e utilizando motos e carros. O governo Requião notabilizou-se nos trabalhos de manuseio, conservação de solo e preservação de recursos naturais; no avanço da sericultura; na renovação da citricultura; no incentivo à técnica do plantio adensado do café, sob orientação do Iapar; no plano de irrigação e drenagem que tornaram produtivos 135 mil hectares de várzeas; na inseminação artificial de bovinos leiteiros, importação de novilhos e ovinos e sua distribuição a pequenos proprietários. Marcou época a parceria que o governo Requião fez com o Serviço de Engenharia do Exército, para a construção da Ferroeste (investimento de US$ 170 milhões), reduzindo custos em 40% e contribuindo no treinamento e atualização tecnológica da engenharia militar brasileira.

A administração Requião teve presença intensa na realização de rodovias e grandes pontes; no término da hidrelétrica de Segredo; na edificação de casas populares (prestação de 10% do salário mínimo); na melhoria da área educacional, com milhares de novas salas de aula, criação de fundo rotativo administrado pelas próprias escolas, ganho salarial dos professores e lançamento de programa precursor no país de “capacitação pedagógica via satélite”. Requião concretizou ações e melhoramentos em todos os municípios paranaenses, fez gastos de US$ 500 milhões em saneamento e levou a eletrificação rural a 50 mil propriedades. Em reconhecimento aos méritos de seu governo, Requião elegeu-se senador em 1994 com 2.301.209 sufrágios, representando duzentos e trinta mil votos a mais do que o governador eleito (2.070.970 votos), com a ressalva de que cada eleitor podia votar em dois candidatos ao Senado. Com novos programas e novas idéias e ainda mais experiente na vida política, Roberto Requião com certeza será eleito, em 6 de outubro de 2002, governador do Paraná.

Léo de Almeida Neves é suplente de senador pelo Paraná, ex-deputado federal e ex-diretor do Banco do Brasil.

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