A força do voto

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva embarca amanhã para Caracas, onde terá vários encontros de trabalho com seu colega Hugo Chávez. Existe entre ambos uma empatia especial e não é a primeira e nem a última vez que se encontrarão para conversar sobre a problemática comum de seus países e do subcontinente. Mesmo não sendo figuras louvadas pelo mundo acadêmico, esses homens foram feitos chefes de Estado pela vontade popular.

Esse credenciamento é visto e tratado com inegável despeito pela casta dos pretensos detentores da sabedoria e do direito divino às posições de mando. Mas a força do voto está-se mantendo.

As dificuldades contornadas por Chávez para a salvaguarda das instituições democráticas venezuelanas, entre elas a própria presidência da República, todas oriundas da classe média alta capitaneada pela elite, dão autenticidade ao mandato que tentaram lhe surrupiar, mais de uma vez, a contrapelo da intenção majoritária.

Lula vive situação análoga, felizmente, livre dos maléficos fluidos golpistas volta e meia suscitados na política brasileira. Os índices de aprovação popular do presidente – apesar dos problemas imensos no setor social – indicam que o campo está aberto para a caminhada tranqüila rumo à reeleição. Observadores chegam a dizer que não há, nesse momento, nenhum outro candidato em condições de ameaçar a segunda vitória do ex-metalúrgico.

A conversa dos presidentes vai girar sobre cooperação estratégica e integrada nos setores de minérios, petróleo, gás natural, infra-estrutura e telecomunicações. Na hora do cafezinho, em meio à leve fumaça dos legítimos "puros" de Havana, Lula e Chávez acertam os ponteiros para a formação da Comunidade de Países Latino-Americanos. Tema indigesto para os círculos dirigentes de certa capital ao norte.

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