A boa energia

A Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) revelou estar interessada nas ações da Light, distribuidora de energia elétrica no Rio de Janeiro, uma das companhias mais antigas do setor a funcionar no Brasil.

Segundo os jornais, as ações estão sendo colocadas à venda pela francesa EDF, que havia comprado a distribuidora fluminense no programa de privatização do governo FHC. Ao que parece, o grupo francês não está disposto a fazer os investimentos necessários para assegurar a rentabilidade planejada.

A estatal mineira, cuja excelente situação no mercado de energia elétrica a credencia à compra das ações da congênere, exibe nesse momento um certificado do açodamento governamental ao se desfazer de inúmeras empresas de energia, sob o falacioso argumento de que as mesmas logo se tornariam pouco competitivas.

Ora, decorridos poucos anos da privatização e a EDF quer livrar-se da Light, se ocorreu alguma perda de competitividade, o problema se localiza na ponta oposta a que o governo alardeava.

Os paranaenses estão lembrados de que o mesmo argumento foi largamente usado pelo ex-governador Jaime Lerner no desesperado afã de vender a Copel, construída com recursos físicos e humanos genuinamente paranaenses, empresa que sempre foi motivo de orgulho para nossa gente.

Caso a Copel tivesse sido alienada, e isso só não aconteceu porque o mercado não arriscou a pele numa conjuntura internacional adversa, é possível imaginar situação idêntica à Light. Ao contrário, a empresa mostra uma vitalidade crescente e, em nenhum momento, acusou quaisquer resquícios de desmerecimento da qualidade que a colocou entre as mais eficientes do País.

Quando se percebe o resultado da privatização e a carga de péssimos serviços em áreas antes operadas pelas estatais, além da impressão facinorosa flagrante de alguns controladores dos consórcios que compraram, a preço de banana, o que havia de melhor na esfera pública, a sensação é de perda irreparável.

Seria importante auscultar os pregoeiros da privatização para saber como interpretam o súbito gesto do grupo francês.

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