Pesquisador

Vladimir Kozák reuniu um grande tesouro

Quem entra no Museu Paranaense vai ouvir o nome de Vladimir Kozák e a primeira pergunta que passa pela cabeça é: quem foi Kozák? Se o museu está escondido, o legado de Kozák, também. Ele foi um etnógrafo, documentarista e viajante tcheco, nascido a 19 de abril de 1897 em Bystrice pod Hostynem, uma pequena cidade ao sul da República Tcheca, perto da fronteira com a Polônia. Em 1924, ele desembarcou no Brasil. Ninguém soube exatamente porque resolveu aparecer aqui. “Provavelmente por seu interesse pela natureza e pelos índios”, calcula o etnólogo Pavel Vaculik.

Kozák escolheu Curitiba onde trabalhou como engenheiro elétrico e depois na Universidade Federal do Paraná. Kozák só voltou uma vez a sua cidade natal, com o objetivo de convencer sua irmã Karla a vir com ele para o Brasil. Karla Kozákova era artista e posteriormente produziu desenhos de orquídeas e outras plantas da flora brasileira.

Kozák fez inúmeras expedições pela selva brasileira, não apenas no interior paranaense. Ele se converteu num dos primeiros documentaristas em todo o mundo a filmar os índios em seus territórios, numa época em que havia florestas e o contato com o homem branco ainda era raro. Seus primeiros documentários a cores surgiram nos anos 30. Segundo Pavel Vaculik, Kozák investiu em seu trabalho a vida, saúde e recursos financeiros.

O etnógrafo e documentarista rodou 596 filmes que seriam suficientes para proporcionar uma sessão diária de três horas durante seis meses. “Posteriormente, ele foi documentarista oficial do departamento de etnologia e etnografia da Universidade Federal do Paraná, que pagava, por exemplo, o material para filmar, que era muito custoso”, diz Pavel.

Além de filmar, Kozák também reunia objetos desde armas, máscaras a outros da vida cotidiana de tribos, algumas delas hoje extintas. Outro trabalho desenvolvido por Kozák em suas incursões pelo interior do País foi a pintura. Ele fez 578 aquarelas, 183 pinturas a óleo, 463 desenhos, 35 pinturas pastel e 11 esculturas, grande parte tendo como tema a vida dos índios. Kozák morreu no dia 3 de janeiro de 1979, sem deixar herdeiros. Ele e sua irmã Karla estão sepultados no Cemitério Água Verde, em Curitiba.

O governo tcheco, através do Ministério das Relações Exteriores, tentou repatriar sem sucesso pelo menos uma parte do acervo reunido por Kozák. “Os brasileiros conhecem muito bem o valor desta coleção e não permitiram que deixassem escapar este tesouro”, disse Pavel Vaculik. Material recolhido por Kozák também faz parte do Museu de Calgary no Canadá e do Museu do Homem, em Paris.

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