Velhas flechas para novos alvos

Para muita gente, a releitura de clássicos da teledramaturgia soa como falta de criatividade. Mesmo assim, cresce a quantidade de autores dispostos a adotar essa estratégia. Foi justamente o remake de A Escrava Isaura que, fez a Record conquistar a vice-liderança de audiência. Tanto que assim que  terminar a trama, baseada no romance de Bernardo Guimarães, o autor Tiago Santiago já vai preparar um outro remake. A provável trama a ser reciclada é A Pequena Órfã, de Teixeira Filho, exibida em 1968 na extinta TV Excelsior.

Embora não esteja aprovada, a escolha não foi aleatória. Como a principal história mostra a vida de crianças órfãs e desprezadas, a idéia do autor é chamar a atenção do público infanto-juvenil, já que A Escrava Isaura mobilizou mais o interesse de telespectadores adultos. Gosto de agregar. E essa novela agradaria justamente todas as idades, garante Tiago.

Mas fazer uma nova versão que provoque a mesma emoção que a anterior não é tão simples assim. Segundo Tiago, o segredo do sucesso é reescrever tudo e, se possível, criar novos personagens. E foi justamente esses ingredientes que utilizou para diferenciar na adaptação de A Escrava Isaura. "Se não incrementar, nem adianta fazer. Até porque hoje as novelas estão bem maiores", explica o autor.

 Já Benedito Ruy Barbosa segue moldes inversos de Tiago. O autor não costuma mexer no enredo de seus remakes. E sua última releitura, que foi Cabocla, fez bonito em 2004 no horário das seis, com média de 40 pontos de audiência. A única coisa que faz é dar uma apimentada nos assuntos, que não podia antigamente, como a política. O próximo remake de Benedito foi escolhido devido ao sucesso de A Escrava Isaura. Assim que terminar Alma Gêmea, próxima novela das seis da Globo, de Walcyr Carrasco, estreará a releitura de Sinhá Moça, inspirada no romance de Maria Dezonne, que se passa na época da abolição da escravatura. Foi a novela mais vendida da Globo depois de Escrava Isaura. Por isso, vou manter a história na íntegra, assegura Benedito. Além disso, estão nos planos do autor fazer também a releitura de O Feijão e o Sonho e de Paraíso.

Produzir remakes também é corriqueiro no SBT. O próximo projeto da emissora de Silvio Santos é fazer a adaptação de Os Ricos Também Choram, exibida em 1982, para substituir Esmeralda, que termina em junho. Esta trama, inclusive, foi pioneira entre as novelas mexicanas importadas pelo SBT. Só que até o momento a emissora não consegue dar uma boa continuidade ao projeto. Isto porque mudou de autor em cima da hora. Por motivos ainda misteriosos, David Grinberg, diretor-geral de teledramaturgia, dispensou o trabalho do autor Doc Comparato. Só que este já havia feito a sinopse e o perfil de alguns personagens e, por isso, deixa bem claro que, se utilizarem seu trabalho, irá brigar na justiça. Agora, o autor Marcos Lazarine é o responsável pela adaptação do texto original de Inés Rodena. "Resta saber quanto o adaptador está contaminado pelas minhas idéias. Mesmo com essas intrigas, o remake dessa novela vai ser interessante" , pondera Doc.

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