Única exceção da escalação do Palco Mundo seria o grupo Hollywood Vampires

O riff de Regina Let’s Go, primeiro sucesso da banda de hardcore melódico CPM 22, soa como novidade aos ouvidos de qualquer um que passou pelo primeiro fim de semana de Rock in Rio na Cidade do Rock. Depois de performances de artistas marcados pelas mais de três décadas de estrada, o grupo liderado pelo vocalista Badauí pareceu banhar a noite de quinta-feira, 24, com algum tipo de fonte da juventude. E tiraram aquele cheiro de naftalina que impregnou a arena na última semana.

Era dia de rock no Rock in Rio. Assim como ocorreu no último sábado, quando Metallica e Mötley Crüe levaram uma multidão de 85 mil headbangers até a arena montada em Jacarepaguá. Desta vez, tudo soava um pouco mais fresco. A banda paulista, escolhida para abrir as atividades do principal palco do festival carioca, na noite passada, dialoga com uma geração roqueira. System of a Down e Queens of the Stone Age, escaladas para subir ao mesmo Palco Mundo, apresentam aquilo que o rock produziu nas duas últimas décadas, a fusão com outros gêneros, novas subcategorias, como avant-garde metal e stooner rock, respectivamente. O peso ainda está lá, mas a abordagem já não precisa ser necessariamente a mesma.

A única exceção da escalação do Palco Mundo seria o grupo Hollywood Vampires, formado por nomões veteranos do rock como Alice Cooper, Joe Perry e a inusitada presença do ator Johnny Depp. Mas o grupo foi recém-criado e, convenhamos, eles valem pela festa, seria difícil encontrar alguém que foi ao Rock in Rio apenas para assisti-los entre as 85 mil cabeças.

Se os cabelos grisalhos eram vistos em fartura no primeiro fim de semana, encerrado por Queen e Adam Lambert, a já citada Metallica e Elton John e Rod Stewart, a Cidade do Rock foi tomada pela juventude roqueira. Ela não necessariamente usa seus cabelos longos, soltos para chacoalhar a cada solo de bateria ou cavalgada executada pelo baixista. É curioso, mas os roqueiros da nova geração não cresceram tendo o Metallica de James Hetfield ou o Black Sabbath de Ozzy Osborne. Eles provavelmente riem do metal farofa do Mötley Crüe.

São novos tempos

Grupos recentes que ainda precisam marcar a própria história nas páginas do rock, caso do System of a Down e do Slipknot – este escalado para encerrar a noite desta sexta-feira, 25 -, são os responsáveis por trazer essa nova leva de jovens para o lado negro do rock. Por mais que os mais tradicionais torçam o nariz.

Coube ao CPM 22 a função de dar início às festividades desse rock novo. A banda paulistana despontou justamente no último suspiro do gênero nas rádios brasileiras e na MTV. Impactaram uma geração de garotos que gostavam de canções aceleradas e cantar as dores do coração sem soar piegas – bom, eles tentavam, pelo menos, roqueiros também amam, afinal. Depois deles, veio uma geração de Fresno, NX Zero e, quando o rock colorido surgiu, o gênero sucumbiu e voltou aos nichos.

O Sol que tanto incomodou ao longo do dia e fez com que o público buscasse sombras para se proteger ao longo do dia, já tinha desaparecido quando Badauí e sua turma surgiram na gigante estrutura montada do Palco Mundo. Quando a tradicional queima de fogos começou, marcando o início da segunda parte do festival, com os shows maiorais, e voz do vocalista do grupo paulistano berrou seu famoso “let’s go!”, teve início essa nova nostalgia.

Jovens que cresceram com canções como O Mundo Dá Voltas, Tarde de Outubro e Não Sei Viver Sem Ter Você tiveram o seu momento que os roqueiros mais velhos, fãs de Queen ou Metallica, experimentaram nos dias anteriores, guardadas as suas devidas proporções. Democrático, por que não? As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Voltar ao topo