Um bem-humorado filme de surfe

Aviso aos que acreditam que documentários sobre surfe não passam de uma sucessão de ondas e de entrevistas com cidadãos que concentram seu conhecimento em expressões como “u-hu” e “onda maneira”: Fabio Fabuloso é um filme que conta de forma bem-humorada a história de Fabio Gouveia, um surfista que saiu da Paraíba para conquistar os títulos mais importantes que o Brasil já alcançou no universo das ondas. E de uma forma original que agrada até àqueles que acreditam que tubo é apenas o receptáculo de pasta de dente. Dirigido por Pedro Cezar, Ricardo Bocão e Antonio Ricardo, o documentário foi um dos destaques de ontem da 28.ª Mostra BR de Cinema de São Paulo. Importante: foi também o destaque do Festival do Rio, há três semanas.

A originalidade já está no ponto de partida, quando os diretores optaram por realizar um filme-cordel, unindo a cultura popular nordestina com o universo do surfe. Nascido no interior da Paraíba, Gouveia era obrigado a andar em um burro até o litoral, onde ensaiou as primeiras quebradas de onda. É a partir da imagem do surfista em cima do burro que começa Fabio Fabuloso, narrado com uma impagável dicção nordestina por Pedro Cezar e complementado por desenhos inspirados na literatura de cordel.

Gouveia é uma lenda entre os surfistas brasileiros, desde que conquistou o inédito título no campeonato mundial amador em Porto Rico, em 1988. E a fama sedimentou com a trajetória no topo do Circuito Mundial Profissional. Segundo os entendidos em swell e drops, o paraibano é autor da linha de surfe mais limpa já executada, quando realiza suas manobras que surpreenderam, principalmente, os estrangeiros. A estética dessas manobras é mostrada em imagens atuais e de arquivo, filmadas por cinegrafistas especializados. E sempre embalada por uma trilha sonora original, que mistura música eletrônica contemporânea e a sonoridade do sotaque nordestino.

Fabio Fabuloso não se concentra na praia – fugindo da linha tradicional de filmes de surfe, o documentário brasileiro mostra ainda a rotina de Fabio Gouveia e sua família, desde os pais paraibanos até a mulher, e os filhos, os cachorros e a coleção de mais de 20 pranchas, que guarda em Santa Catarina, onde hoje mora.

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