Teodoro Dias faz sua primeira exposição na Galeria Estação

O crítico Rodrigo Naves sempre foi muito rigoroso ao apadrinhar artistas – basta citar nomes como Paulo Pasta e Cássio Michalany, entre outros. Outro pintor ganha nesta quinta, 13, uma apresentação de Naves, Teodoro Stein Carvalho Dias, ou simplesmente Teodoro Dias, que faz sua primeira exposição individual, aos 60 anos, na Galeria Estação, mais associada à arte popular de qualidade em seus 11 anos de existência. Dias mantém ateliê em Poços de Caldas, onde reside, mas é um globetrotter. Conhece os pintores modernos e contemporâneos como poucos artistas e já chega com uma bagagem respeitável ao porto de embarque: um pouco da articulação minimalista, a despeito da heterodoxia cromática, muito da herança neoconcreta e algo do lado lúdico de Calder, segundo Rodrigo Naves.

Agrônomo de formação, Teodoro Dias se aproximou mais da pintura quando o Instituto Moreira Salles abriu seu primeiro instituto cultural em Poços de Caldas, em 1992, que promoveu várias exposições importantes em seu pavilhão. Em 1999, Teodoro deixou a fazenda de lado e começou a se dedicar às artes. “Comecei do zero e demorei muito para construir um repertório”, conta o pintor, que, inicialmente, se dedicou à gravura ao estudar com o mestre Evandro Carlos Jardim. Eram trabalhos figurativos, que representavam a natureza da cidade mineira – “desenhos de observação”, conta Teodoro.

A passagem da gravura para a pintura reforçou sua aproximação com os minimalistas, embora ele não se considere da turma de Donald Judd e Carl Andre. “Sempre olhei com encantamento para a obra dos minimalistas, mas esse diálogo se deu em decorrência da ampliação do repertório.” Suas principais influências, diz ele, foram mesmo Paulo Pasta e Sérgio Sister, contemporâneos que renovaram a tradição da pintura moderna. Há, também por isso, um vínculo com a artesania volpiana, no sentido de fabricar os próprios pigmentos que usa – a exemplo de Volpi, ele recolhe e usa terra de várias regiões do País. Uma das séries mais originais exibidas entre as telas e gravuras de sua primeira exposição são pequenos totens formados por quadrados que, segundo Rodrigo Naves, conversam com os objetos ativos do neoconcreto Willys de Castro e as formas e cores de Volpi. Dá ótimo resultado essa combinação de elementos – pigmento e base acrílica sobre madeira e aço, que conferem à peça um caráter dinâmico, promovendo uma permutação cromática próxima de Cássio Michalany.

Teodoro Dias, ao contrário de Reverón, não se sente inibido ao pintar sob a luz tropical – cujo impacto, para o artista venezuelano, cegava, permitindo apenas uma abordagem impressionista. “Para mim é o contrário, pois só pinto durante o dia, sob luz crua, sem filtro.” Alguns óleos sobre papel, especialmente os últimos, trazem cores vibrantes, que contrastam com a paleta mais renascentista – ou matissiana, em alguns trabalhos – do ano passado. Matisse, claro, domina o panteão do pintor de Poços de Caldas, seguido por Cézanne e o belga Luc Tuymans.

Na contramão da tendência contemporânea às dimensões gulliverianas, a pintura de Teodoro Dias é marcada pela parcimônia, até porque prefere fazer pinturas sobre papel, embora ele use em sua primeira exposição outros diferentes suportes – madeira e até chumbo. São experiências, mas não como as do abstrato inglês Ian Davenport, que usa tintas industriais e seringas. “Gosto dele, mas tem uma ligeira pegada pop.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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