Teatro Oficina será tombado na quinta-feira pelo Iphan

O Teatro Oficina, na Rua Jaceguai, no bairro do Bexiga, em São Paulo, será tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), nesta quinta-feira, no Paço Imperial, no Rio de Janeiro. Projeto moderno de revitalização da arquiteta ítalo-brasileira Lina Bo Bardi, o Teatro Oficina é um dos mais importantes espaços de experimentação teatral do País desde os anos 1960.

O tombamento nacional do Oficina foi um pedido do diretor teatral José Celso Martinez Correa, de 72 anos, ao então Ministro da Cultura Gilberto Gil, em 2003. Correa temia que a anunciada construção de um shopping center de posse do grupo do empresário Silvio Santos, na área vizinha. O empresário chegou mesmo a tentar adquirir o teatro, mas enfrentou resistência do diretor. “Construir o shopping aqui é como fechar o vão livre do Masp”, disse. Com o tombamento, qualquer edificação na vizinhança, a partir de agora, deverá ter seu projeto submetido ao Iphan e não poderá ultrapassar certas dimensões, além de não poder impedir a iluminação no teatro.

O estudo de tombamento ressalta, além do caráter artístico do espaço, a importância histórica para o teatro brasileiro e seu papel de resistência durante o regime militar no Brasil. Em 1984, Lina Bo Bardi fez o projeto de reformulação arquitetônica do antigo imóvel que abrigava o Teatro Oficina, atingido por incêndio em 1966 – a arquiteta, 11 anos antes, já tinha feito cenários para peça de Brecht em montagem do mesmo José Celso Martinez Correa. A fachada típica das residências do Bexiga foi mantida, mas a mudança no interior foi revolucionária, com o palco longitudinal e a parede envidraçada de 150m².

Segundo o Iphan, o plano de tombamento determina os padrões para a preservação das características do espaço que abriga as atividades do Oficina, estabelecendo como entorno sua área de proteção visual. “A vegetação existente também deve ser protegida, para que permaneça emoldurando a visão externa existente a partir do interior do teatro. Qualquer construção realizada no lote vizinho deverá respeitar parâmetros predefinidos.”

O local foi transformado em teatro público em 1984, sob administração do Oficina, com o prédio cedido pelo governo do Estado. Seu pedido de preservação, no entanto, vai além do espaço físico do imóvel e pretende resguardar o ambiente de criação artística, a paisagem local no tradicional bairro paulistano. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.