Tarrafa Literária chega à 6ª edição e traz Tom Perrotta

Jennifer Lopez, Vladimir Putin e o papa somem de repente no livro mais recente de Tom Perrotta, The Leftlovers, mais recentemente ainda adaptado para uma série de sucesso da HBO. É também sobre isso que o americano de New Jersey vai falar como convidado da sexta edição do Tarrafa Literária, festival das letras realizado desde 2009 em Santos, no litoral paulista. Além de Perrotta, estão na programação os escritores argentinos Alan Pauls e Carlos Maria Domínguez, o português Rui Zink e os brasileiros Ignácio de Loyola Brandão, Cristovão Tezza, Lira Neto – e muitos outros.

O festival se estende pelo fim de semana (sexta, sábado e domingo, de 26 a 28) em Santos e também chega à capital, no sábado, 27. A Livraria da Vila da Alameda Lorena recebe os convidados argentinos e o americano para bate-papos a partir das 11 horas.

Já instalado em Santos e pela primeira vez no Brasil, Perrotta falou ao jornal O Estado de S.Paulo por telefone na tarde desta quinta-feira, 25. “Espero que essas viagens me ajudem a pensar de jeito diferente. É um país cuja cultura sempre me interessou, estou muito feliz de estar aqui”, comentou ainda.

Seu romance, The Leftlovers, saiu por aqui pela Intrínseca primeiro, em 2012, como Os Deixados para Trás, e agora em nova edição se chama The Leftlovers mesmo – a tradução continua de Rubens Figueiredo.

A história trata do Arrebatamento – episódio no qual 2% da população simplesmente some do mapa. O evento, claro, deixa traumas nos que ficaram – os deixados para trás – e lembra também o apocalipse cristão.

“A diferença é que no arrebatamento cristão, todo mundo sabe o que está acontecendo. Os que ficaram têm outra chance ainda, mas, nessa história, ninguém sabe. Não parece fazer nenhum sentido”, compara.

Perrotta diz ter pensado em uma metáfora para a perda. O 11 de setembro e o acidente de automóvel que levou seu pai. “Quando uma pessoa perde alguém assim repentinamente, o mundo muda um pouco, tudo começa a parecer muito frágil.”

Ele comenta que, de fato, usou um recurso da ficção científica – “essa espécie de gigantesco ‘e se…'” -, e então tentou escrevê-lo da maneira mais realista possível. “Acho que subverti um pouco essa convenção: partir de uma premissa maluca mas contar uma história comum”, ri.

A produção na TV de The Leftlovers teve Perrotta na linha de frente, ao lado de Damon Lindelof (o “cara” de Lost). A primeira temporada acabou nos EUA no início do mês, e ele já está pensando na segunda – deve sentar e começar a trabalhar ainda este ano.

Comparando à sua experiência anterior no cinema, como por exemplo no roteiro de Pecados Íntimos (Little Children), também baseado em um romance seu, Perrotta diz estar mais satisfeito com o trabalho na TV. “A conexão com o material vai além de apenas o roteiro, os escritores são muito envolvidos na produção, na escolha do elenco”, afirma. “O escritor é o rei”, brinca. “Eu amei trabalhar com Little Children, mas minha parte acabou no roteiro. Agora é diferente. Muitas vezes, houve muita pressão, porque uma vez que o projeto está em produção, não dá para parar”, compara.

Tarrafa

De acordo com o organizador, o editor e livreiro José Luiz Tahan, a base do festival, voltada para a literatura, foi mantida. “Há uma evolução e maior maturidade de quem trabalha nos bastidores”, garante, ressaltando que esse tipo de evento, cada vez mais, tem que ser encarado como uma produção para o público. “Um festival de literatura, assim como grandes espetáculos de outras artes, é uma maneira de radicalizar e fazer algo que desperte a atenção do leitor”, afirma.

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