Surpresa

surpresa010707.jpgAssim que abro a porta da rua vejo muita sujeira. São moradores de rua que atiram na calçada, copinhos de papel, bandejas com restos de comida, tocos de cigarros, garrafas vazias… E os varredores de rua só varrem a beira da calçada, olhando com olhos compridos, como que fazendo um levantamento de toda aquela sujeira que fica por ali mesmo. Muitas e muitas vezes eu mesma varri, fiz a limpeza!

O trânsito está um caos. Sempre caminho preocupada com tantos carros, também com receio de ser pungueada, driblando pedintes, triste com a feiúra dos prédios pichados, irritada com vagabundos que dormem nas calçadas.

Nossa Curitiba está muito feia! Ando me sentindo como se estivesse morando num lixão… Não faz muitos dias, enquanto esperava uma carona de amigas, vi um homem estacionar o seu carro, sair e, terminando de tomar um café, atirou o copo vazio no meio da rua…

Xiiii! Tô muito azeda. Vou sair. Passear…

Vou até a Praça Osório. ?Boa tarde, professor Raul Mensing.? Ele também foi meu professor de piano. Coitado! Eu não levava o menor jeito… Até que ele e dona Raquel, sua irmã, inventaram um uniforme: saia e casaquinho de gabardine marrom e blusa creme de cambraia. Mas meu pai mandou fazer tudo de seda! ?Morri de vergonha.?

Bem no centro da praça, muita gente. Barraquinhas com muita comida típica, de diversas regiões: sushi, yakisoba, pé-de-moleque, tapioca, pastéis, pierogue… Paro na barraca do Jorge: ele vende pinhão e quentão… Quase não está vendendo quentão, porque é bebida para os dias frios e não estamos tendo inverno. Um panelão cheio de pinhões ferve. Parecem macios.

A calçada da praça está limpa, ninguém está atirando restos no chão… Todos estão preocupados em usar as latas de lixo… O passeio me fez bem. Passou o azedume!

Margarita Wasserman – Escritora e membro do Instituto Histórico e Geográfico do Paraná

Voltar ao topo