Suassuna encanta público curitibano

Às vésperas de completar 80 anos de idade, no próximo dia 16, o escritor nordestino Ariano Suassuna se autodefine como uma pessoa dotada de um universo interior tumultuado, cheio de sonhos e fantasias, que gosta de inventar e reinventar suas obras. Ontem, como convidado especial da III Semana de Letras da Unibrasil, ele encantou o público curitibano ao falar sobre sua vida e seus trabalhos.

Sempre preocupado com possíveis vulgarizações da cultura brasileira, Suassuna está prestes a ter mais uma de suas obras adaptadas para a televisão – Pedra do reino (1970), que este mês deve ser exibida como microssérie na Rede Globo, sob a direção de Luiz Fernando Carvalho. Ele aguarda a estréia da obra com ansiedade e diz que quer assisti-la como um espectador comum.

?Confio muito nas adaptações de Luiz Fernando e quero ver esta última como uma pessoa do povo. Não sei o que foi usado ou não de minha obra, mas concluí muitas coisas do livro para o seriado??, conta. ?Só não admito duas coisas nas adaptações de meu trabalho, seja as de televisão ou as de cinema: que seja feita caricatura do sotaque nordestino e que utilizada música de guitarra.?

Recentemente levada para o cinema, sob a responsabilidade do diretor Guel Arraes, O Auto da Compadecida (1955) é a obra que mais fez com que Suassuna se tornasse popular. ?Para mim, escrever é viver. Escrevendo, não abandono o passado. Falo do passado e do presente e antevejo o futuro??, comenta.

Suassuna tem antipatia declarada pelo uso de palavras inglesas em meio ao português e acredita que o entendimento da cultura nacional é decisivo para o fortalecimento da identidade brasileira e para o desenvolvimento do País. ?Quando criança, vi uma velhinha morrer de fome a trinta passos de minha casa. Na escola, descobri que uma criança não consegue aprender quando está com fome.

Por isso, acredito que por trás do problema do analfabetismo está o abismo entre a classe dos privilegiados e a dos desprovidos. Temos que diminuir a diferença entre os maiores e os menores salários, entre os assalariados e os desempregados. A pobreza é um problema dilacerador??, finaliza. 

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