Shakira faz o público esquecer a chuva em São Paulo

Shakira quis, Shakira conseguiu. Maior atração do Pop Music Festival, que levou 53 mil pessoas ao Estádio do Morumbi, anteontem, a cantora colombiana fez com que todos os shows anteriores ao seu – Chimarruts, Train e Ziggy Marley – fossem antecipados para que a chuva não estragasse a festa. Foi o que aconteceu na apresentação de Brasília, na última quinta-feira, quando o estacionamento do estádio Mané Garrincha ficou alagado e os shows foram cancelados (a organização anunciou que o show foi remarcado para a próxima quinta, dia 24).

Os adiantamentos surpreenderam a todos e a chuva caiu do mesmo jeito. Mas a realidade é que enquanto a cantora estava no palco, todas as atenções se voltavam a ela. A garoa, insistente, só foi notada, mesmo, ao fim da apresentação – mais curta do que o esperado, com 1h37 de duração. Em Porto Alegre, foram 13 minutos a mais. Apesar de toda a precaução, a garoa insistia em cair quando a colombiana fez a sua entrada com “Pienso En Ti”, dando pinta de que o show seria marcado por baladinhas açucaradas. Mas Shakira é uma artista plural, de várias facetas e sonoridades. E provou isso, com um show que teve uma etapa roqueira, outra latina e, por fim, algo mais eletropop.

A sequência com “Why Wait”, “Te Dejo Madrid” e “Si Te Vas” mostrou que a cantora também sabe ser rock’n’roll. De pés descalços, Shakira zanzava pelo palco, exibindo rebolados e malemolências abdominais capazes de dar inveja a qualquer madrinha de bateria de escola de samba. Tudo isso acompanhado por linhas de guitarras distorcidas de Tim Mitchell e do brasileiro Grecco Buratto. “Como estão? Estava com saudade. Obrigada por terem vindo. Hoje estou aqui para satisfazê-los. Esta noite eu sou paulista!”, disse a colombiana, em português. A entrega no palco, à música, era evidente. E isso captou o público, que cantava cada refrão em coro.

Shakira engatou uma versão mezzo inglês, mezzo espanhol de “Wherever, Whenever”. Chamou quatro garotas para rebolar com ela, no palco, quase uma humilhação pública. As meninas, por mais jeitosas que fossem, não acompanhavam os movimentos da colombiana. Para descansar, pegou um violão e cantou “Inevitable”. No momento mais inusitado, fez um mash-up de “Nothing Else Matters”, do Metallica, transformada em balada flamenca, com “Despedida”, música parte da trilha do filme “Amor nos Tempos do Cólera” (2007). Começava a etapa latina, e mais animada do show, com “Gipsy”, “La Tortura” e “Ciega Sordomuda”. Com as sacolejantes “Loca”, “She Wolf” e “Ojos Así”, ela completou o set list com música eletrônica e dançante, às 22h12. Praticamente hipnotizou os 53 mil presentes.

No bis, uma introdução de “Antes de Las Seis” foi misturada à clássica “Hips Don’t Lie”. E, para finalizar, veio “Waka Waka”, música oficial da Copa do Mundo da África do Sul. Foi só quando Shakira saiu do palco, às 22h30, que foi dado fim ao transe. E, então, era possível perceber que ainda chovia no Morumbi.