SBT traz de volta sucessos como Chiquititas e tem ótimos resultados

tv11_281104.jpgDepois de perderem o segundo lugar de audiência, Scooby Doo e Os Flintstones dão lugar à reprise de Chiquititas. Com os clássicos desenhos da Hanna-Barbera, o SBT marcava média de nove pontos de ibope, enquanto a Record se mantinha na média de 12 pontos com o "remake" de A Escrava Isaura. A tática da emissora de Silvio Santos de entrar na "briga" com o mesmo gênero da concorrente pode dar resultado. A novela infantil, exibida pela primeira vez em 1997, era gravada em Buenos Aires com atores brasileiros e enredo e temática 100% portenhos. Obteve, na época, a média de 18 pontos no ibope.

Para Flávia Monteiro, que interpretou a carinhosa professora Carol, a reprise é também uma boa oportunidade para os profissionais reverem seus trabalhos. "Não assistia a novela porque estava na Argentina gravando. Agora, vou poder reavaliar meu desempenho", conta. A atriz acredita que o enredo leve e que resgata o lúdico, a esperança, e o amor de Chiquititas vai conquistar novos telespectadores mirins. "Além disso, meu sobrinho de um ano vai poder me ver na televisão", anima-se.

A estratégia do SBT em reprisar novelas surpreende até os mais otimistas executivos da emissora. Há pouco tempo, o reprise da trama mexicana Maria do Bairro chegou a registrar índices de audiência melhores de que Terra Nostra, da Globo, reprisada no Vale a Pena Ver de Novo. Na opinião do autor da novela, Benedito Rui Barbosa, Terra Nostra foi reprisada muito cedo, o que não favoreceu ao "sucesso", pois o enredo ainda estava na cabeça das pessoas. "A reprise tem que ser quando os telespectadores estão com saudades", avalia Benedito. Outro fator que não agradou ao público da tarde é a densidade da trama. Para o doutor em teledramaturgia da USP, Mauro Alencar, mesmo correndo riscos é importante a emissora reexibir novelas desse estilo para se ter um parâmetro "Só se descobre o interesse do público ousando", explica Mauro.

Feiosa

Mas nem todas as emissoras estão preocupadas com a "vontade" do telespectador. A RedeTV! demonstra bem isso ao reprisar Betty, a Feia, a partir do dia primeiro de dezembro na sua única faixa dedicada a novelas. Pela boa audiência obtida quando foi apresentada, a trama colombiana seria até reprisável, mas a impressão é que falta opção na grade de programação da emissora. Agora, a feiosa tem a missão de tirar a RedeTV! do traço, índice registrado por Gata Selvagem. "A novela deve melhorar a audiência. E assim, atingir o objetivo do canal", minimiza Mauro.

A Globo tem como "hábito" reprisar novelas desde o início dos anos 70s, mas somente em 1980 a emissora criou o nome Vale a Pena Ver de Novo – espaço dedicado às reexibições. Atualmente, o canal reprisa Deus nos Acuda, de 1992, que cumpre bem sua função porque é exatamente esse tipo de novela que o público do horário da tarde quer assistir. Segundo o autor da novela, Sílvio de Abreu, na reprise é possível analisar o que funciona e o que não funciona de cabeça fria, sem ter que escrever um capítulo por dia. "Fico com a sensação de estar encontrando um velho amigo e batendo um papo diário com ele. Já sei mais ou menos o que ele vai me contar, mas gosto de ouvir mesmo assim", revela.

Remake

Mas uma reprise nunca faz o mesmo sucesso de uma novela quando foi exibida pela primeira vez. "Não tem tanto destaque porque ela foge do horário nobre", explica Mauro. A trama mais reprisada foi A Escrava Isaura, de 1976, que foi reexibida quatro vezes. Todo esse sucesso motivou a Record a produzir o atual "remake" da novela. Roque Santeiro, de 1985, também agradou ao público da tarde e foi reprisada duas vezes, uma dentro do Vale a Pena Ver de Novo e outra na faixa especial das 17h30. De qualquer maneira, a Globo é o canal que mais investe em novas produções de novelas e, assim, tem mais opções na hora de reexibir. O SBT reserva três espaços para reprises – Pérola Negra, Chiquititas e Maria do Bairro – e apenas um para novela inédita – Seus Olhos. Já a RedeTV! utiliza seu único horário para exibição de novelas para reprisar Betty, a Feia.

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