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Ritmo da vida moderna sob batidas eletrônicas

O ritmo sempre integrou o alicerce das criações da bailarina francesa Maguy Marin, um dos maiores nomes da dança contemporânea mundial. Mas foi em BiT, sua obra de número 49, que a coreógrafa se aprofundou em uma questão que só parece simples: o que ele é? A complexidade surge quando se olha para o ritmo como um componente que cadencia a humanidade contemporânea. E como viver juntos com tantos ritmos diferentes? Observar o mundo e traduzir pequenas – mas profundas – porções dele é o que torna o trabalho de Maguy grandioso.

BiT, que estreou em 2014 no Teatro Garonne de Toulouse, na França, será apresentado na sexta, 7, e sábado, 8, no Sesc Pinheiros, dentro do festival France Danse. “É uma obra que coloca as pessoas dançando juntas, vivendo juntas, podemos dizer, e que são perturbadas por algo rítmico”, disse Maguy, por telefone, ao Estado. “Hoje, todos dançam sozinhos, não se tocam. Tento trabalhar com isso. Quando você dança com as pessoas é como na vida, você precisa ter suas próprias sensações, mas, ao mesmo tempo, você lida com as dos outros. Porque você depende da pessoa que está à sua direita e à sua esquerda. Você não pode desaparecer por causa do grupo e, ao mesmo tempo, tem que estar com o grupo. Antagonismo”, explicou Maguy, de 65 anos.

O antagonismo está no significado e também na forma de BiT. Maguy Marin coloca os seis bailarinos – três mulheres e três homens – em formações que remetem à farândola, dança medieval de origem francesa em que os participantes se movimentam com as mãos dadas. Mas a música não é folclórica, como os passos sugerem. É eletrônica, composta por Charlie Aubry. É então que o bit (unidade básica de informação digital, cujo valor é binário: 0 ou 1) se mistura aos beats (batidas, o ritmo) em uma dança intensa que evoca o ancestral e o novo, os instintos e as obsessões da vida contemporânea.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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