Raridades da Mário de Andrade contam a história de São Paulo

Mais importante biblioteca pública de São Paulo, a Mário de Andrade, no centro, guarda entre os 4 milhões de itens do acervo preciosidades que ajudam a contar um pouco da história da cidade. Entre os itens, há uma coleção de fotos antigas protegida pela Unesco – a Organização das Nações Unidas para Educação, a Ciência e a Cultura.

O conjunto é batizado de Memória Paulistana. “São nove álbuns, com mais de 400 fotografias”, conta o filósofo Luiz Armando Bagolin, diretor da biblioteca. “Estão preservados registros desde os primórdios da fotografia em São Paulo, na metade do século 19, até o primeiro vintênio do século 20.” Em um deles, por exemplo, há fotos da construção do Viaduto Santa Ifigênia – imagens feitas por um fotógrafo anônimo. “Como a coleção foi tombada pela Unesco, de tempos em tempos precisamos enviar relatórios sobre sua conservação”, afirma o diretor da Mário de Andrade.

Precursor da fotografia em São Paulo, o fotógrafo Militão Augusto de Azevedo (1837-1905) é autor de material desse acervo. Conhecido por ter retratado a cidade principalmente do início dos anos 1860 ao fim da década de 1880, são de sua lavra as imagens do Álbum Comparativo da Cidade de S. Paulo: 1862-1887. Em 60 fotos, ele apresenta registros dos mesmos lugares da cidade, com 25 anos de diferença.

Também de Militão, há um álbum de 1862, com 52 fotos; e outro de 1965 – chamado Vistas da Estrada de Ferro de S. Paulo em 1865. O conjunto de álbuns ainda conta com materiais de Aurélio Becherini (1876-1939) e Guilherme Gaensly (1843-1928), só para citar nomes mais conhecidos da história da Fotografia.

Esse material não fica exposto ao público. Está guardado na coleção de obras raras da biblioteca – cuja visitação só é possível mediante agendamento prévio. Ali há outros itens importantes para a história paulistana. Um deles é o livro Voto do Padre Antonio Vieira Sobre as Dúvidas dos Moradores de São Paulo Acerca da Administração dos Índios, em edição de 1736. “É um livro tão raro que há muitos estudiosos do tema que o desconhecem”, diz o diretor. No texto, Vieira faz a defesa dos índios contra os bandeirantes.

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