Ary Barroso, Elizeth Cardoso, Chico Anísio, Abelardo ?Chacrinha? Barbosa, Yoná Magalhães, Ângela Maria, Luiz Gonzaga, Jamelão, Ida Gomes e muitos outros. Todos eles, grandes nomes da música e da dramaturgia brasileira, fazem parte da história da Rádio Tupi, que completa 70 anos no ar em setembro.
No ?Maracanã dos auditórios?, como era conhecido o estúdio da Tupi no Rio de Janeiro, onde cerca de 1.500 pessoas podiam assistir as transmissões dos programas, o público fazia silêncio para ouvir apresentações de Afonso Ortiz Tirado, Carlos Galhardo, Sílvio Caldas, Dircinha e Linda Batista, Dalva de Oliveira, Gilberto Alves, Orquestra Cassino de Sevilha, Maurice Chevalier, Josefina Becker e Nat King Cole.
A Tupi foi também precursora de um gênero que fez o País parar: o rádio-teatro.
No dia 28 de setembro um jantar no Copacabana Palace, Rio de Janeiro, marca as comemorações pelos 70 anos, com show de Leny Andrade e da tradicional Orquestra Tabajara. Nos salões será montada uma exposição de fotos do acervo da rádio, revelando imagens das gravações dos programas e profissionais hoje consagrados no início de suas carreiras. A data também marca a criação de um Centro de Documentação com o objetivo de resgatar e preservar a memória da rádio.
Histórico
No dia 7 de setembro de 1922, durante a abertura da Exposição Comemorativa do Primeiro Centenário da Independência do Brasil, foi realizada a primeira transmissão radiofônica do País com o discurso do então presidente da República, Epitácio Pessoa, que tinha ao seu lado o rei Alberto, da Bélgica. No pavilhão dos Estados Unidos, as empresas Westinghouse, Westerns Electric Company e a Rio de Janeiro and São Paulo Telephone Company instalaram duas estações de 500 watts, com transmissores montados no alto do Corcovado e na Praia Vermelha. Apesar do grande impacto dessa demonstração pública, as transmissões foram encerradas alguns dias depois. Treze anos mais tarde, no dia 25 de setembro de 1935, foi inaugurada na rua o Cristo, número 148, o maior empreendimento dos Diários e Emissoras Associadas: a PRG-3 Rádio Tupi. Para a ocasião, o presidente e fundador dos Associados, Assis Chateaubriand, convidou pessoalmente o inventor italiano da telegrafia sem fios, Guglielmo Marconi.
Antes mesmo de ter sido oficialmente inaugurada, a Rádio Tupi já havia feito sua primeira irradiação no dia 15 de setembro de 1935 com um grande programa musical, que teve início com a execução do Hino Nacional cantado pelo coro de 120 professores regidos pelo maestro Heitor Villa-Lobos.
Essa primeira apresentação do ?Cacique do Ar?, apelido da rádio dado pelo próprio Chateaubriand, teve ainda as presenças da Orquestra Dajos Bella, do Conjunto Benedito Lacerda, da Orquestra Tupi sob a regência de Leonidas Autuori e das cantoras Elsie Houston e Olga Praguer Coelho. Durante a cerimônia, o então diretor da rádio, Dario Magalhães, afirmava que o nome escolhido para a emissora significava ?os motivos nacionais que representavam a empresa?.
Na década de 40, a Rádio Tupi se mudou para a Rua Venezuela e seus estúdios passaram a ser a vitrine dos mais importantes eventos da cidade, com ponto forte para a programação ao vivo. Alguns dos mais importantes nomes da música nacional e internacional gravaram nos estúdios da Tupi.
Nessa mesma década um novo gênero conquistou a atenção do público. A rádio-teatro ganhou destaque na programação e o elenco de artistas da Tupi contava com nomes de forte apelo nacional como Paulo Gracindo, Ioná Magalhães, Orlando Drummond, Lourdes Mayer, Paulo Porto, Heloísa Helena, Ida Gomes, Edelzia Santos, Rodolfo Mayer, Silvino Neto, Ema D?Ávila, Chico Anysio, entre outros. Muitos desses profissionais saíram da rádio para brilhar anos mais tarde na televisão.
O esporte e o , que até hoje são temas de grande importância para as rádios, tinham destaque na Tupi como nomes como Ary Barroso e sua gaitinha, José Maria Sacassa e o ?papa? da locução esportiva, Oduvaldo Cozzi.
Em 1945, a Rádio Tupi foi a primeira estação brasileira a anunciar o fim da Segunda Guerra Mundial.
Na Copa do Mundo de 1950, a Tupi inaugurou o maior estúdio de rádio da América Latina, logo apelidado de ?Maracanã dos Auditórios?.