Quando ninguém é inocente

Vivemos um tempo em que os escândalos não escandalizam mais ninguém. Golpes, desvios, desfalques e toda sorte de falcatruas soterram-se uns sobre os outros todos os dias. E ninguém mais fica indignado, pois todos sabemos que “no Brasil é assim mesmo”. Ou, como diz Miguel Falabella, “todo mundo sabe que todo mundo sabe, mas ninguém diz porque é cômodo”.

Pois Falabella e Maria Carmen Barbosa dizem. Mais que isso, nos jogam na cara a nossa própria cumplicidade com essa prática tão familiar, seja qual for a nossa classe social. Mas o fazem com muito humor e inteligência, no texto da comédia Capitanias Hereditárias, que chega hoje e amanhã ao Teatro Guaíra. A direção é do próprio Falabella.

E tudo fica mais fácil quando se pode contar com um verdadeiro dream team dos palcos: José Wilker, Natália do Valle, Bia Nunes, Edi Botelho, Guilhermina Guinle e Ney Latorraca. Wilker é Edgar Bentes da Gama, que acaba de ser identificado pelo Ministério Público como cabeça de um gigantesco golpe financeiro.

Fuga

Perseguidos pela Justiça e cercados pela imprensa, Edgar, sua esposa Maria Olga (Guilhermina Guinle), a cunhada Stella (Natália do Valle), o assessor Alcyr (Ney Latorraca) e até a empregada Debussy (Bia Nunes) – íntima das tramóias da família -, planejam a fuga.

Diante da prisão iminente, a família apela para um padre (Edi Botelho), que, além de trazer a intervenção divina, poderá recuperar a imagem do clã junto à mídia – naquele momento sedenta de sangue. Qualquer semelhança com a realidade não é mera coincidência. “O real se tornou mais forte do que a ficção”, resume Latorraca. Miguel Falabella convida-nos a olhar no espelho.

***

Hoje e amanhã, às 21h, no Guairão. Ingressos entre 20 e 40 reais para quem doar 1 quilo de alimento não perecível, estudantes e maiores de 60 anos. Quem não quiser doar e não pertencer a estas categorias, paga o dobro.

Voltar ao topo