O papel de mocinha romântica e sofredora não seduz Christine Fernandes. E só aceitou interpretar a lacrimosa Aurélia Camargo, de Essas Mulheres, quando soube que a moça, a certa altura da história, pára de choramingar pela má sorte e vai à luta. No início da trama da Record, de fato, Aurélia tem motivos para sofrer. Perde pai, mãe, namorado… Para piorar, ainda tem de se sujeitar a trabalhar na casa de sua pior rival: a ardilosa Adelaide, de Adriana Garambone. Tudo muda, porém, no dia em que Aurélia recebe uma herança do avô. Transformada na moça mais rica da corte, resolve se vingar de todos que a humilharam… "Até agora, o tom da minha personagem era pastel, quase cor-de-rosa. Mas, daqui para frente, ela terá cores mais fortes, vibrantes, como bordô ou o vermelho-sangue…", exemplifica, bem-humorada.
A personagem de Cristine, baseada na protagonista do livro Senhora, de José de Alencar, é a primeira da atriz na tevê desde 2001. De Estrela-Guia para cá, Christine dedicou-se a cuidar do pequeno Pedro, filho de seu casamento com Floriano Peixoto, com curtas interrupções para participar de dois longas: Mais uma vez amor, de Rosane Svartman, e Veias e vinhos, de João Batista de Andrade. "Até esse momento, não tinha condições de encarar uma novela. Esse é o tipo de trabalho que requer dedicação integral", avalia. A vontade de voltar a fazer novelas coincidiu com o convite da Record para protagonizar Essas Mulheres. Pela segunda vez na carreira, a atriz, de 32 anos, encabeça o elenco de uma novela. A primeira foi Perdidos de Amor, produzida pela TV Plus e exibida pela Band em 96. "Protagonizar uma novela significa ter uma boa história para contar. E é isso o que todo ator procura", observa.
Não por acaso, Aurélia Camargo já é uma forte candidata a figurar entre as favoritas de Christine na tevê. Como a enigmática Flávia Regina, de Esplendor, de 2000. "A temperatura daquela personagem era muito interessante. Ela vivia à beira da loucura", esclarece. Foi durante as gravações da novela, aliás, que Christine conheceu o atual marido, que atualmente interpreta o Tony de América.
Juntos e separados
Juntos há quatro anos, Christine e Floriano só oficializaram a união em 2002. Atualmente, os dois só se vêem nos finais de semana. E, por mais que tentem, não conseguem deixar de falar de trabalho… "Sempre batemos o texto um do outro. Não tem muito como fugir disso. Mesmo assim, às vezes, é preciso desligar da tomada…", garante.
Mas a alegria do casal dura pouco. Na segunda pela manhã, Christine já precisa voltar ao batente. Em São Paulo, a rotina da moça se resume em ir do "flat" para o estúdio e do estúdio para o "flat". "Sinto muita saudade da vidinha bucólica que levava no Rio. Meu marido e meu filho ainda cabem no avião, mas meus cachorros e minhas plantas, infelizmente, não", choraminga, brincalhona.
Apesar da saudade, Christine se diz satisfeita por estar em Essas Mulheres. E "veste a camisa" da novela de tal modo que sempre procura saber que audiência a novela está obtendo. Com média de 10 pontos, a novela de Marcílio Moraes já chegou a atingir picos de 17. "Só não gosto quando a busca pela audiência torna-se uma idéia fixa, uma obsessão incontrolável", ressalva. Atualmente, a atriz está tão focada na nova fase de Aurélia Camargo que se recusa a pensar no que está por vir. Indagada sobre a possibilidade de vir a assinar um contrato longo com a Record, ela desconversa. "Nunca tive contratos longos. Nem tive vontade de tê-los. Sou do tipo que não consegue marcar nem um cinema com uma semana de antecedência. Prefiro deixar as coisas acontecerem…", garante.
À moda antiga
Quando soube que interpretaria uma jovem donzela no Rio de Janeiro do Século XIX, Christine Fernandes não se deu sequer ao trabalho de fazer o tão propalado "laboratório". E por um motivo simples. Ela já conhece, mais que suficientemente, a época em que se baseia a trama de Marcílio Moraes. Por coincidência, Essas Mulheres, da Record, é ambientada no mesmo período que a minissérie Chiquinha Gonzaga, de Lauro César Muniz, e o filme O Xangô de Baker Street, de Miguel Faria Jr., dois de seus muitos trabalhos de época.
Jornalista e modelo americana
# A atriz Christine Fernandes é americana. Ela nasceu no dia 1.º de março de 1973 na cidade de Chicago, em Illinois .
# Antes de se tornar atriz, Christine também já foi modelo. E a grande "culpada" foi a também ex-modelo e atriz Silvia Pfeiffer. Certo dia, ela convenceu Christine a fazer um "book" e a distribuí-lo em agências.
# Nos sete anos em que trabalhou como modelo, Christine chegou a ser contratada da Agência Ford e convidada a trabalhar no Japão, onde ficou por dois anos. Desde então, ela já morou na Espanha, na Itália e nos Estados Unidos.
# Christine Fernandes também se formou em Jornalismo pela Universidade de Miami. Lá, chegou a apresentar um telejornal num canal brasileiro.
# Na Globo, Christine Fernandes estreou em 1995 na novela História de Amor, de Manoel Carlos. No papel de Iná, ela mal abria a boca, não relaxava em cena e limitava-se a fazer uns tímidos jograis com o personagem de Ângelo Paes Leme.
# Por pouco, Christine Fernandes não protagonizou a malfadada Brida, da Manchete. Convidada por Walter Avancini, recusou o papel por conta das muitas cenas de nudez.