‘Qualquer Gato Vira-Lata’ prova que amor não tem teoria

Escrita por Juca de Oliveira, a peça “Qualquer Gato Vira-lata tem uma Vida Sexual Mais Saudável que a Nossa”, em diversas temporadas, conseguiu levar ao teatro um público de 1 milhão de espectadores, atraídos pelas situações que faziam o público rir dos conflitos amorosos modernos. Agora, “Qualquer Gato Vira-lata”, a versão do espetáculo teatral para a telona, estrelada por Cleo Pires, Malvino Salvador e Dudu Azevedo, chega hoje aos cinemas, não à toa, próximo ao Dia dos Namorados.

Após levar um fora do namorado Marcelo (Dudu Azevedo), a estudante de direito Tati (Cleo Pires) assiste a uma palestra do professor de biologia Conrado (Malvino Salvador) e resolve pedir a ajuda dele para reconquistar o amado. O tal professor usa a biologia evolucionista para comparar os relacionamentos dos casais humanos ao comportamento dos animais e prega que, nos romances atuais, o homem está perdendo o papel que o macho tem na natureza na conquista do amor da fêmea. Disposta a ter o namorado de volta, Tati se oferece como cobaia para comprovar a tese de Conrado e, assim, aprender suas técnicas de sedução. Claro que, por se tratar de uma comédia romântica, a convivência entre os dois acaba por despertar sentimentos que vão além da relação professor-aluna.

Essa levada mais romântica é o diferencial do filme em relação ao texto original, observa o diretor Tomás Portella, que era apenas uma comédia – inclusive, com final diferente da versão cinematográfica. “Mas o DNA da peça está ali”, diz. Assumindo pela primeira vez a direção de um filme, Portella, que já foi diretor-assistente de diversas produções nacionais, como “Meu Nome Não é Johnny”, “Lisbela e o Prisioneiro” e “Ensaio sobre a Cegueira”, foi convidado para o projeto pelos produtores Pedro Rovai e Tubaldini Jr. “Já estava seguro com a linguagem da comédia romântica, gênero que exige muito mais da direção dos atores do que de uma linguagem inovadora.”

Como não tinha assistido à peça, Portella a viu em DVD e leu o roteiro, já bastante adiantado. Àquela altura, o nome de Malvino já estava cotado para o professor Conrado. “Logo que li o roteiro, pensei na Cleo”, conta o diretor, que já havia trabalhado com a atriz em “Meu Nome Não é Johnny” e via nela potencial para fazer comédia. Nesse período da escalação do elenco, ele também tinha Dudu em mente, mas quase desistiu de chamá-lo porque ele estava em uma novela. A deixa para convidá-lo surgiu quando Portella viu uma chamada da novela que indicava que o personagem dele ia morrer.

Coadjuvantes

Fazendo jus ao gênero de comédia romântica, o elenco coadjuvante ganha destaque em “Qualquer Gato Vira-lata”. Álamo Facó faz Magrão, melhor amigo de Marcelo, típico carioca desencanado. “Eu o chamei por causa de uma cena de ‘Apenas o Fim'”, conta Portella. “Ele trouxe muita coisa de caco (improviso) para o filme.” A similar ao personagem Magrão no lado feminino é Laura, interpretada por Letícia Novaes, que faz sua estreia no cinema. O diretor já havia trabalhado com ela em vídeos para a internet e aposta no talento da atriz. “O filme vai ser lembrado como o primeiro da Letícia.” A atriz Rita Guedes, que foi a Tati no teatro, aparece no filme em participação especial como a ex-mulher do professor, personagem que surgiu no roteiro para o cinema.

Quanto à tese defendida por Conrado, o diretor diz que é para ser considerada mais como uma brincadeira do que como um manual. Brincadeira, mas com uma ponta de verdade, diz ele. Para Portella, a história mostra que, diante das mudanças sociais das últimas décadas, não se estabeleceu ainda um papel do homem e da mulher nos relacionamentos amorosos. “No fundo, o filme fala que o amor não tem teoria.”

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