Psicose, de Sarah Kane, está em cartaz

Representante da dramaturgia inglesa contemporânea, Sarah Kane tornou-se conhecida pelo modo como a sua carreira começou, com a extraordinária polêmica que provocou sua peça de estréia, Blasted, e pelo modo como terminou: com seu suicídio e a encenação póstuma de sua quinta e última peça, Psicose 4h48. O espetáculo tem apresentação hoje, às 21h, na Casa Damaceno (Rua 13 de Maio, 991) e fica em cartaz até dia 28, sextas e sábados.

Durante toda a sua curta vida, Kane foi atormentada por acessos depressivos. A cada nova ocorrência, esses acessos foram gradativamente levando-a a um processo de suicídio que teve fim em 1999, aos 28 anos de idade. A experiência desses episódios e os tratamentos médicos a que teve que se submeter formaram a matéria-prima para a construção deste seu último texto.

Discorrendo sobre a doença e suas diversas conseqüências em caso extremo, o suicídio, a peça apresenta um texto fragmentado, não linear, permeando entre o dramático, o lírico e o narrativo. ?A peça se passa mais na mente da protagonista do que no consultório psiquiátrico que remete à cenografia. E isso influi nessa linguagem de devaneios que buscamos dar à encenação. Psicose é um texto que pretende dar forma a algo que não tem forma, que são nossos pensamentos. Tivemos que estruturar a montagem somente no movimento das palavras, seus equivalentes silenciosos e suspensões de tempo, devido à ausência de trama, enredo, ação, tempo linear e outros elementos usuais da dramaturgia a que estamos acostumados a lidar.?

O trabalho foi desenvolvido priorizando o tratamento do texto nas vozes dos atores, também como forma de não espetacularizar o tema, focando a atenção ao que realmente importa: o texto da Sarah Kane e o desempenho dos atores. Para esta temporada, o papel da protagonista será revezado entre Rosana Stavis e Michelle Pucci.

O espetáculo se apresenta na Casa Damaceno, que normalmente funciona como sala de ensaios. No espaço, o público se posicionará ao redor da sala, junto às paredes, e os atores no centro do ?palco?. ?Essa disposição é ideal para o tipo de encenação que costumamos realizar, com um tom mais intimista e para um pequeno número de pessoas.? Em uma de suas últimas entrevistas, Sarah Kane disse que sua próxima peça seria sobre depressão psicótica e sobre o que acontece à mente de uma pessoa quando desaparecem por completo as barreiras que distinguem a realidade das diversas formas de imaginação.

A peça é mais atual do que nunca. ?Essa temática é urgente e realmente importante. A cada dia mais pessoas sofrem desse mal e muito pouco ainda se fala sobre isso.? Completam a equipe de criação o sonoplasta Vadeco, que serviu-se basicamente de RadioHead para compor a trilha (banda citada pela autora como sendo uma de suas favoritas na época, junto com Joy Division e Björk), a iluminadora Nadja Naira e a figurinista Maureen Miranda.

Ingressos a R$14 e R$7 (estudantes). Mais informações pelo telefone (41) 3223-3809.

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