Produção artística de Tomie Ohtake é analisada em palestra no MON

O curador da exposição Tomie Ohtake na Trama Espiritual da Arte Brasileira, Paulo Herkenhoff, e a professora da UEL (Universidade Estadual de Londrina), Yoshiya Nakaqawara Ferreira, farão palestra gratuita no MON (Museu Oscar Niemeyer), na quinta-feira, às 19h. Os dois profissionais e profundos conhecedores da arte de Tomie irão falar, respectivamente, sobre a concepção da exposição em cartaz no museu e sobre a produção artística de Tomie sob a ótica das culturas japonesa e brasileira.

Pela positiva recepção do público à exposição de Tomie, o MON prorrogou a mostra até o próximo dia 08 de julho, prevista inicialmente para terminar no dia 27 de junho. A professora Yoshiya pretende utilizar como fio condutor o “entendimento da arte de Tomie na tradição oriental transmigrada para o ocidente”. Entre os tópicos, a professora vai descrever um dos conceitos básicos da cultura japonesa que versa sobre a comunicação não-verbal. Segundo ela, a palavra Ishin Denschin ?que significa Um coração, e transmitir o pensamento, o sentimento ou emoção- sintetiza o conceito nipônico de que é “através do coração que se tem que transmitir as coisas”.

Prossegue com a utilização e a importância dos gestos na cultura oriental, que tem como ordem de importância o olhar, o corpo, as mãos, a boca e, por último, a fala. Além de tocar na experiência de troca entre o visível e o invisível, passando pelas lendas orientais. “Na produção de Tomie, ela utiliza as informações disponíveis da cosmologia ?o que está no entorno, além da mente e do horizonte-, solta através dos pincéis e transforma em matéria. É como uma dança”, define a professora. Yoshiya, além de ser uma estudiosa da história da arte, há mais de 20 anos acompanha a produção artística da amiga pessoal Tomie Ohtake.

A palestra será aberta pelo curador da exposição Tomie Ohtake na Trama Espiritual da Arte Brasileira, Paulo Herkenhoff. Ele contará como fundamentou a mostra que atravessa 50 anos da produção de Tomie, na qual tomou como fio condutor a trama espiritual na arte brasileira. Após a palestra dos dois convidados, será aberto um debate com o público participante.

A artista

A artista cruzou continentes, de Kioto (Japão) a São Paulo (Brasil), para concretizar uma obra que se tornou fundamental no processo da arte brasileira da segunda metade do século XX. Em 1939, a artista vem ao Brasil com o único propósito de visitar o irmão em São Paulo. Por motivo de guerra, teve que permanecer no país, onde constituiu sua família. Tomie iniciou seu trabalho aos 40 anos, nas horas vagas de uma dona-de-casa.

A partir daí, traçou seu caminho “criativo e profundo” no cenário das artes.
Leitora assídua do filósofo Daisetz Suzuki, que divulgou a disciplina Zen no pós-guerra, Tomie acabou por incorporar alguns desses conceitos orientais na própria vida e no método de produzir arte. Em sua trajetória, Tomie Ohtake integrou-se ao ambiente cultural do país e adotou a cidadania brasileira.

Atenta ao mundo e concentrada em sua obra, Tomie desenvolveu um grande círculo de relações. Também visitou as cidades coloniais de Minas Gerais, colecionou objetos da cultura popular e da cultural material indígena. Em visitas à Bahia, fez amizade entre artistas e recolheu material do candomblé. Esse conjunto de questões metafísicas tece, a partir da obra de Tomie, uma trama espiritual da arte brasileira, que inclui diversos artistas do Paraná.

Concepção da Trama

Na concepção da mostra, o curador Paulo Herkenhoff considerou essas informações e tomou como fio condutor o fundo espiritual, do qual emergem discussões sobre a persistência do Barroco, as preocupações metafísicas do Moderno, a estética Zen e a espiritualidade perpassada pelas tradições populares, afro-brasileiras e indígena.

A elaboração de uma exposição em comemoração ao 90º. aniversário de Tomie fez com que o curador se debruçasse sobre a observação dos processos de trocas culturais desenvolvidos no país no século XX. Contexto em que a obra de Tomie passa a “alavancar produtivamente o conhecimento do processo cultural e a produção de certo número de artistas”, analisa Herkenhoff.

Serviço:
Palestra sobre produção artística de Tomie
Data: 01/07, às 19h
Local: auditório MON (Museu Oscar Niemeyer)
entrada gratuita
Endereço: Rua Marechal Hermes, 999
Centro Cívico ? CEP: 80530-230
Telefone: (41) 350-4400

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