Preservação cultural em debate na Itália

A melhor forma de se preservar o vasto patrimônio cultural italiano tem gerado debates calorosos na região de Toscana, responsável por boa parte do acervo de esculturas, pinturas e afrescos daquele país.

A questão tem colocado o atual ministro da Cultura da Itália, Sandro Bondi, em situações difíceis. O desabamento de uma construção milenar em Pompéia na semana passada foi motivo para que se pedisse a saída de Bondi do cargo.

A princípio, seu ministério deveria ter previsto o desastre causado na Casa dos Galdiadores, que ficou reduzida a escombros. Por enquanto Bondi permanece como ministro, mas vê as críticas ao seu trabalho aumentarem e continua com um grande problema para resolver: a má gestão dos recursos destinados à área da preservação na Itália.

Em conversa com O Estado, o ministro se defendeu e falou sobre os problemas e as novas formas de se valorizar os bens culturais na Itália, tema intensamente discutido durante esta semana no evento Florens 2010, na Semana Internacional de Patrimônio Cultural e Ambiental, realizada na cidade de Florença, no qual ele foi uma das principais presenças.

Para o ministro, dinheiro não falta para a conservação de bens culturais. O que se precisa é que o recurso disponível seja bem aproveitado nas iniciativas nas quais o dinheiro for investido.

“Acho um erro pensar que tudo depende de fundos e verbas que devem vir do Estado. Mesmo tendo 50% do patrimônio cultural do mundo, gastamos bem menos que outros países para preservar nosso patrimônio cultural. E também é preciso admitir que hoje somos incapazes de gastar bem os recursos disponíveis, em apostar em projetos de qualidade”, afirma Bondi.

Segundo o ministro, todo ano sobra pelo menos 6 milhões de euros que não são aplicados no setor. “Certamente precisamos de fundos, mas também precisamos de reformas e mudanças, de pensar em um novo jeito e conservar nosso patrimônio”, completa.

Bondi disse ainda que seu governo se preocupa, sim, com os bens culturais que possui e que faz o possível para mantê-los, mesmo com obras públicas, como passagem de linhas de metrô, que frequentemente são solicitadas.

“Ruas, casas e prédios não podem ser construídos se o Ministério da Cultura italiano não der o aval. Podemos bloquear essas obras, o que fazemos às vezes por conta da possibilidade de achados arqueológicos”, argumenta. “Concentrei os esforços do ministério em proteger nossos bens culturais porque destituir os bens culturais italianos significa que vamos destruir o futuro econômico do país”, avisa Bondi.