Pequena resenha bíblica

Fosse a Bíblia um simples romance histórico, diria que o seu livro inicial (Gênesis) revela a ingenuidade e a limitação do conhecimento dos seus escritores, principalmente quando explica a formação do universo e da vida. Lá não é mencionado, por exemplo, que os dinossauros aqui reinaram por mais de cem milhões de anos ou que a Terra nunca foi o centro do universo.

A leitura do Velho Testamento também deixa a desejar porque é desatualizada, violenta, patriarcal e fantasiosa. Vemos que as questões políticas e sociais dos antigos hebreus estão a todo instante misturadas com a fé. O Deus do Velho Testamento é, antes de tudo, um vingador das injustiças sofridas por seu povo, o ?povo escolhido?. Há muito sangue e muito ódio. O livro do Apocalipse, por sua vez, é outro imenso repertório de maus agouros e sofrimentos.

Chegamos, finalmente, ao Novo Testamento. Aí a coisa melhora, e muito. Os quatro evangelhos que narram a vida e a morte de Jesus Cristo são o que a Bíblia tem de melhor. Impressiona como a mensagem revolucionária de Cristo, baseada no perdão, no amor e na humildade, é atual, clara e precisa. Sua leitura, entretanto, deixa evidente que, embora a figura de Jesus tenha muitos seguidores, sua doutrina, não.

Mas, apesar dos pesares, a leitura da Bíblia acaba sendo obrigatória, sobretudo, para compreender o próprio ser humano, já que é uma saga cheia de amor e ódio, ignorância e sabedoria, guerra e paz, dor e ilusão, traição e esperança. Realmente a Bíblia é um livro que merece o nome substantivado que tem.

Djalma Filho é advogado djalmafilho68@uol.com.br

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