Peixe grande

Paulo Nigro cresceu. Aos 21 anos, com os vistosos olhos azuis de sempre e agora com o semblante mais amadurecido, tem as qualidades ideais para se tornar um grande galã. E foi essa a aposta que a Globo resolveu fazer em Amazônia – de Galvez a Chico Mendes. Na história, o jovem ator interpreta o sedutor Tavinho, um rapaz sofisticado que se envolve com a nativa Delzuíte, de Giovanna Antonelli, e a engravida. E, para não ficar mal falada, a moça espalha aos quatro cantos que engravidou de um dos cetáceos do rio. ?Todo mundo nas ruas me chama de boto?, conta, aos risos, comemorando a repercussão que o personagem está trazendo.

Com a insegurança comum de quem interpreta o primeiro conquistador da carreira, Paulo confessa que tremeu quando soube que contracenaria com Giovanna Antonelli. ?Bateu uma timidez ao saber que faria par com ela. Mas nos tornamos colegas enquanto estivemos no Acre e isso me tranqüilizou?, confessa, ao lembrar que o tempo que boa parte do elenco passou na região Norte foi primordial para o entrosamento de toda a equipe.

 O ator não poderia permanecer envergonhado por muito tempo. Logo no início da trama, precisou encarar um trabalho de gente grande sem qualquer pudor. E sem roupa também. Paulo contracenou com a companheira de elenco em cenas muito ?sexies?. Depois da primeira experiência, no entanto, ele acredita que deu conta do recado. ?Foi complicado ficar nu. Mas agora que já passou, acho que foi tudo ótimo?, desabafa, com um sorriso sem graça.

 Amazônia – de Galvez a Chico Mendes é a segunda minissérie do currículo do ator, que esteve também em JK, como o jovem e politicamente correto advogado Luís Felipe. Antes disso, sua carreira era marcada por trabalhos infanto-juvenis como Chiquititas – sua estréia como ator -, o programa Ilha Rá-Tim-Bum, da TV Cultura, e Malhação. Na história escrita por Glória Perez, o personagem de Paulo não tem um caráter muito admirável. Está mais para um ?bon vivant?, acostumado a muito dinheiro e a muitas mulheres também. A oportunidade de fugir dos bons moços que sempre interpretou na tevê também deixou o ator animado. ?Sempre fiz o bonzinho. É bacana ter a chance de fazer uma figura com perfil diferente?, empolga-se.

 Paulo apressa-se em explicar que seu personagem não é malvado. Apenas se aproveita da ingenuidade da personagem de Giovanna para conquistá-la. ?É que tenho medo de levar umas pedradas na rua?, justifica, ao mostrar seu receio de que o público confunda realidade e ficção e saia em defesa de Delzuíte. Mas admite que se sente satisfeito mesmo quando as pessoas se aproximam para questionar ou reclamar das atitudes da figura que representa. ?Se as pessoas veêm reclamar do que meu personagem faz na história, estou fazendo meu trabalho direito?, avalia.

Dublê de cantor

Na época em que Paulo Nigro interpretava o personagem Júlio, de Chiquititas, além de atuar, ele tinha também de cantar. E o ator conseguiu se dividir entre as duas funções com tranqüilidade. Viajou por todo o Brasil cantando e dançando para divulgar o trabalho. Nessa oportunidade, inclusive, conheceu o Acre, em uma excursão que os atores da novela fizeram pelo País. Mas, enquanto alguns atores que passaram pelo folhetim do SBT afirmam não lembrar muito da época, Paulo Nigro considera essa uma das experiências mais importantes de sua carreira. ?Chiquititas foi o primeiro trabalho que me deu visibilidade?, confirma. Tanto que, mesmo com o fim da novela, o ator tomou gosto pela música e continuou por um tempo trabalhando com um grupo musical e divulgando um repertório ?teen?.

 Das canções que interpretava na época, Paulo agora teve a chance de enveredar para um estilo mais refinado. É que Tavinho, seu personagem na minissérie de Glória Perez, toca piano. E para fazer o papel com fidelidade, o ator teve aulas para aprender o instrumento. Mesmo depois de um dia inteiro de gravação, acordava cedo para se exercitar. Dedicado, os resultados não demoraram a aparecer. Tanto é que ele já toca algumas músicas, como Pour Elise. Antecedentes familiares facilitaram a vida do ator nessa aventura pela música clássica. ?Meu pai toca piano muito bem. Sempre ouvi e me interessei em aprender?, conta. 

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