Peça de Walcyr Carrasco satiriza políticos

Poderia estar numa novela a trama que envolve a ‘descoberta’ da peça de Walcyr Carrasco, A Mulher do Candidato, que estreia nesta sexta-feira (13) em São Paulo, sob direção de Cininha de Paula, com Anselmo Vasconcellos, Luiz França, Laura Proença, Andréa Avancini e Rogério Fabiano no elenco.

Cronista, dramaturgo, autor de telenovelas – ele assina Caras & Bocas, a próxima a ir ao ar no horário das 19 horas na Globo – Walcyr Carrasco escrevera essa comédia sobre o comportamento dos políticos brasileiros há 20 anos. Ao receber de Rogério Fabiano a solicitação para levar o texto ao palco, não lembrava mais de sua existência nem mesmo tinha uma cópia. O ator lhe enviou a que tinha, datilografada, e o dramaturgo passou pelo prazer de rir lendo a própria obra.

“Olha, a sensação foi que de fato estava mais atual de que nunca. O que eu acrescentei – e deixo os atores acrescentarem – são os novos escândalos, porque a imaginação dos nossos políticos supera a de qualquer autor”, diz Carrasco. Na sua definição, a comédia coloca em rota de colisão “dois políticos no fundo muito parecidos: ambos são espertos e querem cavar o seu espaço não por terem um projeto para o País, mas individual.”

Um deles é interpretado por França, um ambicioso político do interior. O outro, vivido por Vasconcellos é presidente do partido, o homem que controla as verbas. Pois um dia o cacique telefona ao político do interior e cai de amores, sem jamais ter visto, pela mulher do colega (Laura). Para não perder nem a mulher, nem a carreira, o mais jovem inventa um estratagema para a visita do chefão: manda a esposa viajar e contrata para se passar por ela Marinéia Fogueteira (Andréa).

A volta inesperada da esposa vai complicar ainda mais a situação. “O mais velho tem o poder, o outro quer; um está iniciando, o outro já chegou lá. O confronto entre ambos dá um bom painel das jogadas e espertezas que podem caracterizar uma carreira política”, argumenta Carrasco. Quanto à próxima novela, ele se orgulha de quebrar um tabu: “Pela primeira vez uma atriz deficiente visual terá um papel, Danielle Holoten.”