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‘Passei anos no início da carreira sem falar com ninguém’, diz Karlie Kloss

Karlie Kloss é uma ótima produtora de cookies veganos. Ah, sim, ela também é uma supermodelo, dona de contratos milionários com grandes marcas, que tem mais de 5,1 milhões de seguidores no Instagram. Mas em uma manhã recente de verão em Nova York estava mesmo interessada em vender seu peixe. Ou melhor, seus cookies: os Klossies, cujo lucro da venda é destinado a iniciativas de erradicação da fome no mundo. “Eles são saudáveis, sem açúcar nem farinha, além de deliciosos”, dizia, enquanto servia os doces ao pequeno grupo de jornalistas a sua volta. “Com as vendas, já conseguimos doar mais de um milhão de refeições. Tenho muito orgulho desse projeto!”

Definitivamente, Karlie não é uma modelo comum. Não apenas pela carinha de menina, o porte atlético e a altura impressionante até para uma top (ela tem 1,87 metros e parece ainda maior pessoalmente). Mas também pelo que faz longe das lentes das câmeras e das passarelas. Desde o ano passado, comanda o “Kode with Klossy”, em que meninas de 13 a 18 anos têm aulas de programação e aprendem a criar apps em duas semanas. A cada mês, o projeto ainda oferece uma bolsa de estudos em ciências da computação para mulheres na Flatiron School de Nova York, a mesma em que a própria Karlie estuda o tema.

“Antes da minha primeira aula, eu mesma achava a ideia de que dava para construir algo com códigos impossível. Mas depois de algum tempo, eu e meus colegas estávamos programando um pequeno drone”, contou. “Entendi que códigos de computação estão ligados à criatividade, assim como arte e moda, e que mulheres com essa habilidade têm o poder para mudar o futuro.” Aos 24 anos, completados nesta quarta-feira, 3, nascida em Chicago e criada em St. Louis, Karlie cresceu cercada de mulheres: é a segunda de quatro irmãs, filhas de uma artista gráfica e um médico.

Ela atribui à família unida o fato de nunca deixar o sucesso subir à cabeça, ainda que viva cercada por paparazzi e por amigas conhecidas no mundo todo – seu esquadrão de BFFs é formado por Taylor Swift, Gigi Hadid e Cara Delevingne, entre outras. “Imagina chegar em casa com minha mãe e minhas irmãs e ter atitude de estrela? Não dá”, disse, durante entrevista em Nova York para lançar o novo perfume da marca Carolina Herrera, Good Girl, do qual é garota propaganda em uma campanha supersexy. Sobre ser uma boa menina, beleza, carreira e timidez, ela fala a seguir.

A Carolina Herrera foi uma das primeiras grifes para a qual desfilou, certo? O que lembra desse início?

Eu tinha 15 anos, era fevereiro de 2009, minha primeira temporada de desfiles em Nova York. A sra. Herrera me chamou para o casting. Eu estava bem nervosa. Era uma menina e muito tímida. Acho que não falei nada quando a encontrei. Na verdade, acho que passei anos no início da carreira sem falar com ninguém. Eu apenas entrava, colocava a roupa e andava. Mas lembro que senti uma energia incrível com a sra. Herrera. Na prova de roupa, comecei a desfilar e as pessoas da equipe aplaudiram. Não é algo normal nesta indústria. Na noite antes do show, recebi uma ligação do meu agente dizendo que eu abriria e fecharia o desfile. Estava num apartamento que minha mãe havia alugado para a semana e só conseguia chorar. Para uma modelo iniciante, isso é muito importante. Mal conseguia acreditar.

A campanha do perfume fala muito sobre a dualidade da mulher, que traz o bom e o mal dentro de si. Qual lado você prefere?

Acho que a mistura é o que faz as pessoas interessantes. É mais sexy quando uma mulher consegue ser os dois, pois é inesperado. A combinação nas doses certas faz a diferença. É bom ser inteligente, esperta, ligada… Estar à frente, no comando do próprio jogo. E também conseguir se divertir, sair com as amigas… É uma questão de equilíbrio.

Você tem vontade de investir na carreira de atriz?

Talvez. Eu jamais imaginaria que estaria sentada aqui há alguns anos, então quem sabe o que farei no futuro? Gosto muito de ser parte de uma história, de ajudar a contá-la. É mais fácil estar em frente à câmera contando uma história, ainda que seja sem falar nada. Se bem que não sei se conseguiria decorar um texto! Mas adoro usar a emoção no meu trabalho. Então qualquer oportunidade de explorar esse lado e poder me expressar eu aproveito.

Como no clipe de Bad Blood, da sua amiga Taylor Swift.

Sim! Quem sabe? Atuar está, sim, no meu radar.

Você é considerada uma das mulheres mais bonitas do mundo. É muito vaidosa?

Minha filosofia é fazer o possível para me sentir bem comigo mesma. É preciso ter consciência de que você parece melhor quando está melhor. A beleza vem de dentro para fora.

E quais são seus cuidados?

No meu dia a dia, uso BB cream, corretivo e só. Tento cuidar muito da pele, pois viajo bastante e tenho tido um pouco de acne. Ontem, por exemplo, apliquei uma máscara e hoje, quando acordei, senti que minha pele estava melhor. Acho que é mais manutenção e cuidar bem de si mesma. Faço exercícios que adoro. E adoro experimentar novos produtos. Cresci em uma casa com mais três irmãs, eram quatro meninas sem contar a minha mãe. Sempre vivi cercada de mulheres e produtos de beleza. Até hoje, quando sinto o cheiro do spray Elnett, lembro da minha mãe que o usava. Há algo emocional na forma como lido com os produtos de beleza. Há uma conexão. Certos cheiros me lembram a minha avó, que já faleceu. Acho que beleza está ligada à memória.

Mesmo com tantos seguidores no Instagram, campanhas e eventos glamourosos, de perto você parece muito pé no chão. Como faz para o sucesso não subir à cabeça?

Eu realmente amo o que faço e o que tenho a oportunidade de fazer com meu trabalho. E meu trabalho tem esse lado do glamour. No estúdio, visto o personagem, viro a mulher sexy que faz caras e bocas. Ou então às vezes saio na rua e um paparazzi está me fotografando. Mas nada disso muda a forma como eu sou nem transforma minha essência. E espero que nunca mude. Até porque minha família me mataria! Sou muito próxima a eles. Imagina chegar em casa com minha mãe e minhas irmãs e ter atitude de estrela? Não dá.

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