Paranaense brilha em concertos internacionais

Um dos jovens talentos da Orquestra Sinfônica do Paraná (OSP) foi selecionado para integrar a Orquestra Jovem Mundial, na Espanha. Com 26 anos de idade, a contrabaixista Mayra Pedrosa foi escolhida entre oitocentos músicos de vários países para participar das atividades do Navio da Cultura. Com o objetivo de unir os povos em busca da paz, o evento, com parceria da Unesco, ocorre entre julho e agosto e tem programado apresentações em cidades espanholas e ilhas do Mediterrâneo. Além de Mayra, outros três brasileiros também integram a Orquestra Jovem e já estão em Valência, na Espanha. De Brasília (DF) foi chamada a violonista Débora Batista, e de São Paulo (SP) uma cellista e um fagotista.

?Estamos em Valência, onde ocorrem todos os ensaios e a turnê começou dia 14 (anteontem)?, conta a musicista. Com uma rotina puxada, ela não tem muito tempo para conhecer a cidade e, como a vontade de tocar com outros jovens talentos do mundo todo supera qualquer opção, Mayra está satisfeita. ?Temos ensaios diários das 10h até as 13h30, um intervalo para a siesta e depois voltamos a ensaiar das 16h até as 20h. O único dia que tivemos uma manhã livre foi no último dia 9, mas como o papa estava aqui foi difícil passear pela cidade?, conta.

A união de músicos internacionais na Orquestra Jovem Mundial é um evento mundial. Sediada em Valência, a oportunidade de participar dos recitais da orquestra só não é perfeita porque sem uma filial nas Américas, todos os músicos do continente têm que pagar a própria passagem. ?A qualidade musical daqui é muito boa e não temos problemas em nos comunicar. Só de contrabaixistas temos dois canadenses, um colombiano, um espanhol, um argentino, um croata, um costa-riquenho e eu?. A língua utilizada acaba sendo o inglês e em algumas vezes a brasileira lembra que acaba se virando no portunhol.

Segundo Mayra, o alto nível profissional permitiu que logo a orquestra ensaiasse junto. ?Os músicos chegaram tocando todas as partes das músicas, mesmo assim temos o ensaio de naipe, de cellos e baixos, de cordas e por fim a orquestra completa?, conta. Os ensaios acontecem em lugares diferentes, por cada grupo de instrumento. Um acontece na Universidade Politécnica de Valência, outro no Conservatório Vellutters e um na Galileo Galilei.

?A importância deste evento é enriquecer culturalmente, socialmente, tocar entre os melhores músicos jovens do mundo, trabalhar com nomes internacionais, vivenciar a cultura musical européia e crescer profissionalmente. Estou extremamente feliz por estar aqui, com jovens representando os seus países?, afirma Mayra.

Durante a Oficina de Música de Curitiba ocorrida no mês de janeiro, a musicista já esperava por concertos internacionais. Agora, na Espanha, Mayra transparece contentamento e afirma que em breve estará de volta a Curitiba.

O primeiro concerto ocorreu anteontem, os demais serão em Barcelona, Nicosia (ilha de Chipre), Limassol (Chipre), Valência, Segovia e Sagunto. ?Volto para o Brasil dia 13 de agosto para tocar na ópera Don Giovanni, de Mozart, com a OSP?. Para os concertos foram escolhidas obras que refletem a diversidade e as influências folclóricas de peças clássicas e também da música contemporânea. O programa da Orquestra Jovem traz composições de Adams, Be-ethoven, Dvorak, Rimsky-Korsakov e a estréia mundial de Ship of cultures, do compositor francês Emmanuel Sejourné.

A seleção dos jovens músicos aconteceu em janeiro deste ano. Mayra enviou para a banca de avaliação um DVD com cinco trechos de orquestra e um solo, a aprovação ocorreu em março. Entre os trechos selecionados estavam Scherzo, com a 5.ª sinfonia de Ludwig Van Beethoven; Recitativo, com a 9.ª sinfonia de Ludwig Van Beethoven; 40.ª sinfonia de Wolfgang Amadeus Mozart; Pulcinella, de Igor Stravinsky e o solo do concerto de contrabaixo de Serge Koussevitzky.

Valência tem sido uma escola, mas está longe de ser a primeira experiência internacional de Mayra. Em abril de 2003 a musicista foi aceita na Orquestra Jovem das Américas, com a qual excursionou por oito países da América do Sul e Central. Em julho de 2004 participou do Festival de Verão em Nice (França) e, em 2005, atuou como chefe de naipe em um concerto no Carnegie Hall (Nova York), com a Orquestra Jovem das Américas. Em Washington, ainda em 2005, participou como único baixo na estréia mundial da ópera Democracy, que teve como diretor geral Plácido Domingo. 

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