‘Os Croods’ mostra aventura familiar na Idade da Pedra

Pode um filme mudar de conceito no meio do caminho? Chris Sanders e Kirk DiMicco que o digam. São os codiretores de “Os Croods”, animação que estreou na sexta-feira e, a esta altura, já arrastou uma multidão para os cinemas. “Os Croods” tem ação, humor, romance, tudo isso embalado no formato de uma aventura familiar e com o recurso do 3D para tornar a animação mais excitante. Pois se trata de uma animação, e a muitos espectadores fará lembrar o velho “Os Flintstones”, de Hanna-Barbera, em nova embalagem. Não, “Os Croods” não tem nada a ver com “Os Flintstones”, exceto o fato de se passar na Idade da Pedra, mas isso também poderia aproximar o filme de Sanders e DiMicco de “A Era do Gelo”. A diferença é que a animação de Carlos Saldanha é estrelada por animais e Os Croods conta a história de uma família de humanos.

Mas se o filme mudou, o que mudou? “No início, queríamos contar a história de um homem maduro, da Idade da Pedra, que encontra um garoto. O garoto seria o porta-voz das mudanças, e o que queríamos era concentrar, no espaço de um filme, as mudanças que fizeram a própria história avançar”, explica Sanders. A reportagem lembra Stanley Kubrick, “2001 – Uma Odisseia no Espaço”, e o corte que faz a narrativa avançar milhões de anos – quando o macaco descobre a utilização do osso como ferramenta, o levanta em triunfo e Kubrick corta para a nave que avança no espaço.

“Exatamente”, diz o codiretor DiMicco, “mas o nosso avanço não era tão formidável, era mais lento. À medida que esboçávamos nossa história, o garoto trazia o fogo, o calçado, o primeiro celular – bem, era uma concha, mas o princípio de comunicação à distância era o mesmo. Tudo isso problematizava o homem mais velho, que foi ficando um personagem meio sem graça, atropelado pelo jovem. Resolvemos então criar uma situação familiar para o homem mais velho.

Ele tinha agora uma família para proteger, uma família rebelde. O eixo se transferiu do garoto para a filha, que se sente atraída pelas novidades com que o garoto lhe acena. O próprio pai, sentindo-se superado, chega a um momento em que incorpora o novo à sua forma, e prova seu valor.”

Tudo isso, que a dupla de diretores conta na entrevista realizada no Festival de Berlim – em que “Os Croods” passou fora de concurso -, tomou tempo. Anos de preparativos e de realização, e um pouco das pausas também foram decorrência da escolha de Nicolas Cage para o papel do pai. “Achamos que ele tinha autoridade para fazer o papel, e Nic se entusiasmou tanto que emprestou mais que a voz e o físico para o personagem. Colocou muito de seu temperamento, criando um personagem forte como se fosse live action”, diz Sanders. “O problema é que, com as sucessivas mudanças, volta e meia precisávamos chamá-lo para regravar isso ou aquilo, ou para que nossos desenhistas o modelassem em novas cenas. E Nic não para. Deve ter feito umas quatro ou cinco live actions enquanto tentávamos montar nossa animação.”

O resultado compensa, e a família de “Os Croods” é divertida, com as vozes – se você for ver no original – de Nicolas Cage, Emma Stone (a filha), Ryan Reynolds (o jovem). Embora se trate de uma fantasia – e animada -, Cage diz que o que o atraiu foi a base realista do relato. “O que eu realmente gosto no meu relacionamento com Emma, no filme, é que é o tipo da relação familiar comum, entre um pai superprotetor e a filha que adolescente que quer ter aventuras.” Na verdade, os diretores definem os Croods como ‘a primeira família moderna’. É como se fosse uma família de mentalidade moderna vivendo na pré-história, define Nicolas Cage na entrevista que deu à reportagem. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

OS CROODS

Título original: The Croods

Direção: Chris Sanders

Gênero: Animação (EUA/2013, 98 min.)

Classificação: Livre

Voltar ao topo