O sucesso das séries 24 Horas e Smallville no SBT e na Globo

A princípio, tudo não passaria de uma operação “tapa-buraco”. Globo e SBT exibiriam as séries 24 Horas e Smallville apenas para “cobrir” as férias do Programa do Jô e do Programa do Ratinho, respectivamente. Os resultados obtidos, porém, surpreenderam até o mais otimista dos diretores de programação. Afinal, os dois “enlatados” superaram – e muito! – as expectativas. A série 24 Horas registrou 15 pontos de audiência, o dobro do que a Globo registrava no morfético horário da meia-noite. Smallville não ficou atrás. O seriado do SBT alcançou média de 18 e picos de 20 no horário de Celebridade. Detalhe: o Programa do Ratinho só costuma passar dos 12 quando exibe musicais, às quartas-feiras.

O sucesso das duas séries não é difícil de explicar. Para dizer o mínimo, ambas são inovadoras. As novidades de 24 Horas dizem respeito à forma e as de Smallville ao conteúdo. A temporada completa de 24 Horas, exibido na tevê por assinatura pela Fox, ocorre em um único dia e cada um dos 24 episódios corresponde a uma hora na vida do agente secreto Jack Bauer, interpretado por Kiefer Sutherland. O recurso da narração em tempo real pode até ser inédito na tevê, mas, no cinema, já foi utilizada pelo diretor Fred Zinnemann no “western” Matar ou Morrer, estrelado por Gary Cooper em 1952.

O mesmo se pode dizer do recurso da tela múltipla, um dos trunfos de 24 Horas. Em determinados momentos, a tela se divide em dois, três ou até quatro quadros, cada um focalizando um determinado personagem. Assim, o público pode saber simultaneamente o que cada um está tramando. Tal artifício, porém, também não é próprio da série. Em 1976, o cineasta Brian de Palma inovou o gênero do terror ao utilizar tal recurso em Carrie, a Estranha, da obra de Stephen King.

O sensível Superman

Já em Smallville, série da Warner exibida pelo SBT, as inovações dizem respeito ao conteúdo. Os produtores da série, Alfred Cough e Miles Millar, tiveram a ousadia de mostrar a vida do Superman quando ele ainda não passava de um adolescente do Kansas, que sequer imaginava os superpoderes que tinha. Em vez de enfrentar arquivilões e proteger o mundo, o jovem Clark Kent, vivido por Tom Welling, tem de lidar com os mesmos problemas de relacionamento que os garotos da sua idade, como a descoberta do primeiro amor e o sonho de entrar para o time de futebol do colégio. O sucesso é tanto que os produtores já receberam carta branca da DC Comics para produzir uma série parecida com Bruce Wayne, o pernóstico alter ego do Batman.

Coincidência ou não, 24 Horas e Smallville são duas das mais badaladas séries da Fox e da Warner atualmente. Para divulgar a terceira temporada de 24 Horas, que estréia no próximo dia 16, a Fox trouxe ao Brasil o ator Dennis Haysbert, que interpreta o presidente dos Estados Unidos, David Palmer. E mais: o canal vai promover também a Maratona 24 Horas, com a segunda temporada da série, que vai começar às 21 horas de hoje, e só vai terminar às 21 horas do dia seguinte, quando Jack Bauer, então, inicia sua mais nova aventura. Dessa vez, ele vai combater um grupo de traficantes que ameaça espalhar um vírus que mata as pessoas infectadas em… 24 horas.

Com tanta repercussão, a Globo tratou logo de comprar a segunda temporada da série. Mas ainda não adianta quando pretende estreá-la.

No SBT, a situação não é diferente. A emissora de Silvio Santos ainda estuda o melhor dia e horário para Smallville. Enquanto isso, o Programa do Ratinho voltou à grade na última segunda, dia 2, com a mesmíssima “lavagem de roupa suja” de sempre. Ao contrário do anunciado, o programa só voltou “reformulado” no cenário. E o pior: a audiência ficou na casa dos 12, seis a menos que Smallville. Mesmo assim, Globo e SBT são reticentes quanto ao assunto. Através de um comunicado, a Globo garante que não é possível comparar o desempenho de um produto sazonal com um programa de linha. Na verdade, ninguém quer que os rotundos Carlos Massa e Jô Soares tenham os superpoderes de Clark Kent ou a intrepidez de Jack Bauer. Mas um pouquinho de ousadia, convenhamos, não faria mal a ninguém.

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