O recomeço profissional de Flávia Alessandra

Quando Flávia Alessandra foi convidada por Antônio Calmon para ser protagonista de sua próxima novela, a atriz não deu maiores esperanças ao autor. Disse apenas que ia pensar no assunto.

Naquele momento, na verdade, a atriz não se deu conta do que aconteceu. “A ficha demorou a cair. Um autor de novela me convidando, pessoalmente? Simplesmente não imaginava que era sério”, admite. Flávia ligou em seguida para Calmon e só acreditou quando ele repetiu o convite para que ela interpretasse a heroína Lívia, de “O Beijo do Vampiro”. A personagem é perseguida ao longo dos séculos pelo amor obsessivo do vampirão Bóris, de Tarcísio Meira. Desta vez, a atriz não bobeou. “É uma delícia voltar a fazer uma novela do autor com quem eu comecei na tevê”, derrama-se, redimida.

A lembrança é inevitável. Flávia Alessandra estreou em novelas em 1989, como a Tininha, de “Top Model”. O papel, pequeno, foi o prêmio por ela ter vencido um concurso para novos talentos no “Domingão do Faustão”. Na época, a novata, de 15 anos, sentia-se perdida num set e não fazia idéia de quem era Antônio Calmon. Treze anos e sete novelas depois, o convite do pioneiro Calmon soou como um bom presságio. “Talvez seja o início de uma fase mais madura. Com certeza, é um recomeço. Não acredito em coincidências”, profetiza a atriz de 28 anos – recém-separada do diretor Marcos Paulo, que assina a direção de núcleo da novela.

Flávia Alessandra pode até não acreditar no acaso, mas também não tem uma explicação para interpretar a terceira Lívia, em novelas consecutivas. Entre a mal-amada de “Meu Bem Querer” e a emancipada homônima de “Porto dos Milagres”, ela só atuou numa minissérie, como a Beatriz, de “Aquarela do Brasil”. “Fazer personagens de mesmo nome não está em meu contrato!”, adianta, aos risos…

P

– Qual é a sensação de fazer uma novela do mesmo autor com quem você começou, passados 13 anos?

R

– Deliciosa! Parece que foi ontem e, ao mesmo tempo, eu vivi tanta coisa desde então… Na minha primeira novela, “Top Model”, eu tinha acabado de fechar contrato com a emissora em função do concurso do Faustão. Tudo era novo, grandioso para mim. Mas não tinha idéia de quem era Antônio Calmon. Hoje, eu sei reconhecer quando um texto de novela é bom.

P

– Você parece sempre mais preocupada com a voz do que a expressão corporal…

R

– Porque eu sei que este é o meu ponto fraco. Fiz balé durante muito tempo e tenho mais domínio sobre meu corpo do que sobre minha voz. Se der bobeira, numa cena dramática eu vou para o agudo e fico histérica.

P

– De certa forma, a sua carreira é que parece ter sido homeopática…

R – Tem gente que deu sorte antes de mim. E também sofreu mais do que eu com crítica, com despreparo…Eu agradeço a Deus, de certa forma, por minha carreira ter sido tão gradual. Hoje, tenho segurança dentro de um estúdio e de uma externa. Já tenho até alguns macetes de veterano, como de só dar a expressão quando vejo que a câmara está em mim. Nem antes, nem depois. São manhas que o ator só aprende com a experiência. É inevitável…

P

– Você está sendo dirigida por Marcos Paulo, com quem trabalhou em outras novelas. Só que, agora, num período de separação…

R

– Não misturamos as duas coisas. Somos profissionais e o Marcos é um ótimo diretor. Mas, até agora, ele dirigiu poucas cenas minhas. Foi uma separação amigável, ponderada, e creio que não teremos problemas. No momento, só quero trabalhar e me aprimorar como atriz.

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