O Magnata estréia nos cinemas do País

O filme O Magnata, que estréia na próxima sexta-feira nos cinemas, reúne uma equipe de primeira linha para contar a história de um jovem popstar que se apaixona e comete um crime, tudo no mesmo dia. O turbilhão em que se transforma a sua vida, a partir daí, é acompanhado de muita música, skate e surfe. Escrito por Chorão, vocalista do grupo Charlie Brown Jr., e dirigido por Johnny Araújo, o filme deve atingir em cheio o público jovem urbano. Paulinho Vilhena, que está no filme como ator principal, fala sobre seu personagem: ?É um cara que sabe o preço de tudo, mas não sabe o valor de nada?.

Almanaque – Como você entrou em contato com o roteiro de O Magnata? Você se candidatou ao papel ou foi chamado para fazer o filme?

Vilhena – Eu e o Chorão temos um amigo em comum, o Caribé, que mora em Salvador. Foi ele que falou de mim ao Chorão quando ele começou a procurar um ator que tivesse a ver com o personagem – isso há muito tempo, quatro anos antes de começarem as filmagens. Claro que ajudou o fato de eu ser santista, acho que a gente tem aquela solidariedade bacana de vir da mesma cidade, uma coisa que não tem nada a ver com bairrismo. E eu também sempre curti o som do Charlie Brown, acompanho a carreira do Chorão desde muito antes de conhecê-lo.

Almanaque – Como você vê esse personagem do Magnata?

Vilhena – O Chorão tem uma frase muito boa para definir o Magnata: é um cara que sabe o preço de tudo, mas não sabe o valor de nada. Ele é um cara sem valores, ou com valores equivocados por causa do poder financeiro que ele tem. É um cara mundano e leviano, que não tem nada a dever e nada a perder. Suas atitudes são todas na base do ?foda-se?. A banda é onde ele exorciza a infância dele, a sociedade que ele não respeita. Mas no final aparece uma certa mudança. Ele está cansado de tanto caos e, como encontrou uma paixão, a libertinagem também começa a virar uma coisa do passado pra ele.

Almanaque – Como foi a preparação de elenco com o Luiz Mário? Você estudou um jeito diferente de falar, um gestual?

Vilhena – Eu tive um bom tempo de preparação com o Luiz Mario e o Roberto Áudio. Ficamos um mês e meio confinados em uma casa em São Paulo, apenas fazendo um treinamento físico pro personagem, criando umas performances e construindo a postura do Magnata no palco. Nesse período, meu grande desafio foi exercitar essa ausência de limites do personagem, toda a sua prepotência, arrogância, e até uma certa raiva contida. E durante as filmagens, que rolaram durante uns dois meses, eu tentei viver o personagem ao máximo, não tirava pra nada aquela jaqueta que ele usa durante todo o filme.

Almanaque – As cenas do Magnata com os amigos têm uma linguagem muito verossímil e espontânea. Como foi a interação com os outros atores?

Vilhena – Uma coisa bacana deste filme é que trabalhamos com muitos não-atores amigos do Chorão, jovens que vivem esse dia-a-dia do skate e falam daquele jeito mesmo que aparece no filme. Os poucos atores de verdade no filme têm um desempenho fantástico, como o Juliano Cazarré (que faz o Cabeça) e o Murilo Salles (Ricardinho). Convivemos durante algumas semanas até encontrar essa homogeneidade na maneira de falar. E também fomos encontrar a galera na rua, o pessoal que respira esse universo, como o Chivits (que vai preso no roubo da Ferrari) e o Tubarão.

Almanaque  – Como foi a preparação com a Rosanne Mulholland (que faz Dri, a garota do Magnata)? As cenas de beijo e sexo entre vocês são muito quentes…

Vilhena – Tivemos algumas semanas de preparação para ganhar intimidade. Como somos profissionais, acabou rolando com a maior naturalidade.

Alamnaque – Você acabou de viver um personagem super bom-moço na TV, o Fred da novela Paraíso Tropical, e agora chega às telas como um jovem rico e inconseqüente. Você acredita que essa combinação pode mudar a sua imagem de alguma forma?

Vilhena – Acho que dois papéis tão diferentes, só ajudam a mostrar como um ator pode ser versátil. Eu sei que tenho fama de bad boy na mídia por causa do meu comportamento no passado, mas se você analisa os meus personagens na TV, nenhum chegava nem perto disso: o namorado romântico da Sandy, um estudante todo bonzinho em Coração de Estudante. Até o Paulo César, de Celebridade, era um moleque, tinha cenas com muito humor, não era um grande rebelde. O Fred de Paraíso Tropical é ambíguo, às vezes bom às vezes mau, mas sempre muito comportado. O Magnata será o primeiro bad boy de verdade na minha carreira.

Alamnaque – Faça a sua propaganda: por que você recomenda que as pessoas vejam O Magnata?

Vilhena – Primeiro, é um filme com uma pegada nova no cinema brasileiro. Tenho assistido a muitos filmes brasileiros que têm sido lançados nos últimos anos e não vi nada parecido. Vi alguns filmes que abordam a juventude de hoje em dia, mas o nosso tem uma linguagem mais moderna.

O Magnata mostra os jovens de São Paulo sem mascarar a sua realidade: não são jovens babacas nem arrogantes, apenas jovens como quaisquer outros da sua idade. Por isso, o filme deve pegar uma lacuna de um espectador jovem meio carente de filmes que falem do seu universo com a sua linguagem. Além disso, tem um cenário pouco comum no nosso cinema, que é São Paulo, e ainda por cima no inverno. Espero que a crítica saiba entender a nossa proposta. Os filmes americanos similares que têm sido lançados nos últimos anos, como o Alpha Dog, do Nick Cassavettes, receberam muitos elogios aqui.

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