O Caminho das Nuvens no NY Times

É muito difícil conseguir qualquer espaço num jornal para divulgação de um trabalho cinematográfico. Num jornal americano, uma matéria sobre o cinema brasileiro, mais difícil ainda. No entanto, devido a um festival local, o prestigioso The New York Times decidiu oferecer um espaço para o cinema brasileiro que cresce pelo mundo afora na cola da fama do Cidade de Deus.

Em cartaz no festival New Directors/New Films, O Caminho das Nuvens, de Vicente Amorim, foi criticado na semana passada pelo The New York Times. Em artigo intitulado Bicycling across Brazil, o crítico Stephen Holden afirma que o filme “oferece uma idéia do que é ser pobre e analfabeto numa região na qual as pessoas lutam para sobreviver”. Mas critica a falta de “detalhes e especificidades”, que mantém “a família retratada e seus problemas numa distância segura e confortável”.

“O Caminho das Nuvens” é o primeiro filme de Amorim. Narra a história de Romão (Wagner Moura), um caminhoneiro desempregado que põe todas as esperanças num alto salário irreal a ser ganho na cidade grande. Parte, então, com a mulher, Rose (Cláudia Abreu), e os cinco filhos numa longa jornada, do interior da Paraíba ao Rio. A viagem é feita de bicicleta e dura vários meses, ao longo dos quais a família “luta para sobreviver aceitando trabalhos estranhos nesta ou naquela cidade, dormindo na rua e implorando por comida quando necessário”.

O principal conflito do filme vem do fato de Rose acreditar que as esperanças do marido são bobas. Ela quer que a família desista da viagem e permaneça numa das cidades pela qual passa, onde ela recebe uma oferta de trabalho. O outro conflito vem da passagem do filho adolescente do casal à vida adulta e a dificuldade no relacionamento com o pai.

“O filme quer ser tanto um drama familiar realista quanto uma odisséia mítica, mas não tem substância para ser mais do que uma vinheta. Romão e Rose, apesar de algum atrito, são apresentados como um casal idealizado, humilde, honesto e profundamente devotado”, escreve Holden. A interpretação de Cláudia Abreu é a melhor parte do filme, o que atrai os críticos, como já aconteceu no caso de Fernanda Montenegro em Central do Brasil.

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