Novo CD de Eminem causa polêmica

Em sua curta carreira, o rapper americano Eminem já acumulou uma estante repleta de prêmios – e duas lotadas de polêmicas. Entre elas, propôs matar a própria mãe, debochou de Michael Jackson e Madonna, e foi acusado de fazer letras homofóbicas. O CD Encore, que acaba de chegar às lojas, deve se tornar mais um capítulo dessa história. O encarte mostra, numa seqüência de fotos, Eminem carregando uma arma, subindo num palco, agradecendo à platéia e disparando contra ela. Nas imagens que se seguem, pilhas de pessoas mortas, desespero, correria. A última traz o rapper com a arma apontada para a própria boca. As páginas têm manchas vermelhas, simulando sangue. A letra da música One shot 2 shot narra a ação, com som de tiros e versos como Cadelas gritando/ Crioulos correndo. Puro marketing, um raciocínio torto sobre a questão da violência ou uma legítima manifestação de rebeldia?

Para o compositor Marcelo Yuka, da banda F.U.R.T.O., mais que tudo isso, o encarte é uma grande demonstração de cafonice:

"Essa imagem do sujeito de carro importado, cordão de ouro, arma na cintura, chamando mulher de prostituta é velha, cafona, coisa de otário", disse.

O compositor Jorge Mautner relativiza:

"O encarte é apenas uma ilustração expressionista sobre a morte, toda a arte moderna e pós-moderna está repleta disso. Não creio que influencie a violência da sociedade. Ao contrário, ele atenua ao funcionar como catarse e liberar esse sentimento de morte pela arte. Aristóteles dizia que, ‘duas emoções são danosas à sociedade: a piedade e o terror’".

Para Micael Herschmann, pesquisador e professor da Escola de Comunicação da UFRJ e autor do livro O funk e o hip-hop invadem a cena, o encarte tem um caráter de denúncia: "Lembro-me de MV Bill, quando se apresentou no Free Jazz e apontou para a platéia uma arma, amarrada em um lenço branco, dizendo que era da paz e simulando disparos. São códigos similares. De um lado, tem um aspecto de denúncia e da realidade violenta da favela e dos guetos".

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