Novecento Sudamericana reabre museu da capital

A exposição Novecento Sudamericana, que chega pela primeira vez à América do Sul após temporada no Palazzo Reale, de Milão, reinaugura o Museu Oscar Niemeyer (MON), em Curitiba. O embaixador da Itália, Vincenzo Petrone, e o governador Roberto Requião almoçam juntos amanhã, às 13h15, no Palácio Iguaçu, para tratar dos detalhes finais da vinda da mostra italiana ao Paraná.

Anteriormente, a chegada prevista de Novecento à América do Sul seria para agosto, em São Paulo, e depois – novembro – para Buenos Aires. Sua antecipação se deu após contatos estabelecidos entre dois governos: Paraná e Itália.

O cônsul da Itália para o Paraná e Santa Catarina, Mario Trampetti, enumera três importantes razões que contribuíram para antecipar a vinda desta exposição ao Paraná. Uma delas é em função da política de integração do Mercosul desenvolvida pelo governador Roberto Requião. “Outra razão é pelo espaço belíssimo do Museu Oscar Niemeyer, que não poderíamos deixar de aproveitar”, afirma. E a terceira é política e, segundo ele, coincide com o momento na Itália. “Estamos no primeiro semestre de presidência do governo italiano na União Européia”, lembra o cônsul.

A afirmação de Trampetti refere-se ao fato de que a Itália tem defendido que a Europa deve construir uma comunidade cultural com a América Latina. “Sabemos que existem diferenças. Vamos respeitá-las. No entanto, precisamos valorizar o que temos em comum”, finaliza. O cônsul italiano estará acompanhando o embaixador no almoço com o governador. Além das duas autoridades italianas farão parte da visita oficial o adido cultural da Itália no Brasil, Guido Clemente, e a diretora do museu, Maristela Requião.

Novecento

As cerca de 160 telas que compõem a exposição Novecento Sudamericana foram reunidas, pela primeira vez, em Milão por ocasião da Assembléia do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), e sua inauguração se deu no Palazzo Reale, na presença de autoridades de toda a América Latina e Europa. As telas pertencem a coleções particulares, museus, e fundações que estão espalhadas pelo mundo todo.

A mostra representa as relações artísticas da Itália com os países sul-americanos, em especial Brasil, Argentina e Uruguai. Países que, de alguma forma, em função da corrente migratória italiana, receberam enorme influência nas artes plásticas. “Antonio Berni, por exemplo, um dos maiores nomes na Argentina, filho de imigrantes italianos, sofreu forte influência da arte figurativa italiana”, observa o cônsul Mario Trampetti.

Por outro lado, Fortunato Lacámera, também argentino e filho de imigrantes, sofreu influência da arte italiana, porém, quando foi trabalhar na Itália, na década de 50, foi ele quem influenciou os artistas italianos e promoveu uma verdadeira reviravolta na arte contemporânea daquele país europeu.

Causas sociais

Conforme informações da jornalista Margarita Sansone, que integra a assessoria do governador e, ao lado da primeira-dama, está organizando e negociando a vinda da exposição, Novecento é um olhar mais apurado da arte sobre a mulher operária, a questão dos negros, imigração, manifestações políticas na América. “Vamos nos ver e nos descobrir nesta exposição, sobremaneira os que são descendentes dos europeus e africanos”, diz a jornalista.

Entre as obras, o público terá a oportunidade de ver cerca de cinco telas de Di Cavalcanti e dez telas de Portinari, como Retirantes, Fúlvio Pennacci, Anita Malfati (brasileiros); uruguaios como Torres Garcia, Elza Andrada, Gilberto Bellini; argentinos Antonio Berni, Enrique Borla, Emílio Centurion. Praticamente todas as telas fazem uma leitura social da América Latina, como, por exemplo, uma obra de Berni, Manifestación, mostra um movimento político na Argentina.

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