Nova temporada do “Sítio do Pica-Pau-Amarelo”

Desde de foi inventado por Monteiro Lobato, o “Sítio do Pica-Pau-Amarelo” é um fenômeno. Foi assim nos livros e também desde a primeira versão televisiva. Agora, na quarta versão para a tevê, repete o feito. A produção que reestreou na grade de programação global continua sendo, de longe, o melhor exemplo de programa infantil do País. Mesmo após 52 anos da sua estréia, o “Sítio do Pica-Pau- Amarelo” consegue priorizar o lado educativo sem cair no didatismo chato e ainda fazer dramaturgia de qualidade tendo como pano de fundo histórias genuinamente brasileiras.

Aliás, esse é o ponto crucial das adaptações do programa: as idéias do taubatiano Monteiro Lobato continuam reconhecíveis e servindo como principais ganchos do programa. É por isso que o “Sítio do Pica-Pau-Amarelo” suportou, após a estréia na extinta TV Tupi, em 1951, passar pela Bandeirantes, entre 1968 e 1969, e pela Globo, entre 1977 e 1986, sem perder a fidelidade do espectador e ainda manter uma excelente audiência na nova versão que a Globo exibe desde 2001.

Bom retorno

Na volta do programa à grade da Globo, por exemplo, o Ibope manteve os números das edições passadas, com uma média de 10 pontos de audiência. Uma excelente performance para o horário matutino. Sem dúvida que o trio Pedrinho, Narizinho e Emília é o ponto forte desta nova versão da Globo. Os atores César Gardadeiro e Lara Rodrigues emprestaram frescor aos históricos netos de Dona Benta e nada ficam a dever aos atores das outras versões, como Rosane Garcia e Júlio César, por exemplo.

Mas nada se compara à performance de Isabelle Drummond como a boneca Emília. A atriz-mirim teve de provar que a personagem poderia ser feita por uma criança – já que nas versões anteriores só atrizes adultas viveram a Emília – e ainda não deixar cair a sua desenvoltura após a estréia em outubro de 2001. A Emília de Isabelle é a que mais se aproxima do original de Monteiro Lobato. Talvez por ser interpretada por uma criança, a personagem está mais sapeca do que nunca.

Embora a trama do Sítio tenha ganho vários episódios novos, o autor Mário Teixeira teve o bom senso de continuar bem próximo do universo de Monteiro Lobato. Em Zumpilion, por exemplo, primeiro episódio de 2003, o enfoque é sobre um extraterrestre que aparece no sítio, mas o conteúdo não foge do original.

A chegada de Pedrinho para o período das férias, a inquietação de Tia Nastácia para preparar as melhores guloseimas para a molecada e as inúmeras aventuras lúdicas das crianças no sítio estão lá como nas versões anteriores e são bem reconhecíveis. Mesmo o segundo episódio inédito do programa – A Lenda do Rei Arthur -, que vai ao ar em maio, também mantém a idéia de Monteiro em adaptar grandes clássicos da literatura mundial para a realidade brasileira. Tanto que o autor foi pioneiro na tradução e adaptação para o público infantil, por exemplo, dos livros sobre heróis como Dom Quixote, Gulliver, Robinson Crusoé, entre outros.

Mas o Sítio serve também como exemplo de como é possível usar tecnologia para melhorar histórias passadas. Os efeitos computadorizados, que fazem aparecer e desaparecer os atores e objetos da nova versão, se adequam perfeitamente à cabeça ultramoderna de Monteiro Lobato – A Menina do Narizinho Arrebitado foi lançado em 1921 – e provam que o inventor do pirlimpimpim – pó mágico que leva os personagens para outros locais e épocas – estava mesmo muito à frente de seu tempo.

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