Nova geração de autores nacionais

Ser autor de novelas é um dos cargos mais cobiçados da Globo. Não por acaso, trabalha-se muito, mas ganha-se como poucos. Estima-se que um autor do primeiro escalão esteja ganhando R$ 100 mil por mês e R$ 1 milhão por novela. Mas, apesar dessa vultosa remuneração, muitos “veteranos” já pensam em se aposentar das novelas e escrever só minisséries. Com isso, uma nova geração, como Ricardo Linhares, Emanuel Jacobina e Andréa Maltarolli, começa a se firmar no mercado da teledramaturgia brasileira.

Na maioria das vezes, o autor de hoje é o colaborador de ontem. Este é o caso de Ricardo Linhares. Ex-colaborador de Aguinaldo Silva e Ana Maria Moretzsohn em novelas como “Tieta” e “A Indomada”, ele já está em sua segunda experiência solo: “Agora É Que São Elas”. Mesmo assim, sente saudade de trabalhar em grupo. “É bom ter alguém para compartilhar o processo de criação e dividir responsabilidades. Novela é trabalho de equipe”, enfatiza.

A exemplo de Ricardo, Ana Maria também já se firmou em sua carreira solo. Mas não é todo colaborador que tem a mesma sorte. Sérgio Marques e Alcides Nogueira já tiveram suas chances em “Salomé” e “O Amor Está no Ar”, respectivamente, mas preferem trabalhar mesmo como colaboradores. “Autor não cria só histórias, mas chefia equipes também. E chefiar equipes dá um trabalhão danado”, esquiva-se Sérgio.

Por essas e outras, alguns colaboradores não parecem muito animados em sair da sombra dos titulares. Márcia Prattes é uma delas. Na Globo desde 85, ela é apontada como uma das mais preparadas para assumir uma novela sozinha. “Essa é a ambição de todo colaborador. Mas a responsabilidade é absurda”, enfatiza. Por isso, Márcia resolveu dividi-la com Maria Helena Nascimento. Juntas, as duas já apresentaram à Globo a sinopse de “Flashback”, sobre uma personagem do futuro que cai no presente.

Outras

Mesmo sem tanta tradição em teledramaturgia, Record e SBT também já revelaram “novos” talentos. Walcyr Carrasco, por exemplo, estreou no SBT em 1989, quando escreveu a malsucedida “Cortina de Vidro”. O sucesso só veio em “Xica da Silva”, da extinta Manchete, onde assumiu o pseudônimo de Adamo Angel por ser contratado do SBT. “Todos reclamam do trabalho de autor. Dizem que é difícil, estressante. Mas também não deve ser nada fácil ser médico e ter de fazer uma cirurgia cardíaca”, brinca.

Yves Dumont é outro exemplo de autor que migrou da concorrência para a Globo. Ele despontou na Record nos anos 90, quando escreveu novelas como “Estrela de Fogo” e “Louca Paixão”. “Todo autor sonha em trabalhar na Globo. E comigo não foi diferente. Graças a Deus, eles reconheceram meu trabalho e me convidaram para trabalhar aqui”, relata. Na nova emissora, Yves acaba de escrever a versão hispânica de “Vale Tudo” para a Telemundo e se prepara para apresentar uma sinopse para a Globo.

Outras praias

Mas não são todos que sonham em trabalhar na “Hollywood brasileira”. As autoras Cláudia Dallaverde e Vivian de Oliveira, responsáveis pela segunda temporada de “A Turma do Gueto”, da Record, tecem os maiores elogios à Globo, mas se mostram reticentes quanto a integrar o “cast” da emissora. “Lá, eu jamais teria espaço para escrever um seriado tão inovador quanto o ?A Turma do Gueto?”, acredita Vivian.

Já no SBT, o contrato firmado com a Televisa impede a emissora de Sílvio Santos de investir em tramas originais. O jeito é a autora Ercila Pedroso supervisionar o trabalho de adaptação de textos mexicanos, como “Marisol” e “Pequena Travessa”. “Torço para o SBT se firmar no mercado e a Band e a Record reativarem seus núcleos. Igual à Globo ninguém faz mesmo, mas é importante ter outros produtos para oferecer ao público”, raciocina Ercila.

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