Nossa História é ?a? revista

Enfim lançaram uma revista interessante, curiosa e útil, sem interesses comerciais e com mínimas segundas intenções. Exceto, talvez, a intenção de instruir os brasileiros para um novo aspecto de nossa sociedade, resgatar a história deste País e distribuir cultura e conhecimento geral. Neste mês, “Nossa História” chegou no número 4, e é a publicação mais importante dos últimos anos.

Em primeiro lugar, trata-se da revista oficial da renomada e incólume Biblioteca Nacional. As matérias são pautadas e posteriormente executadas com precisão e alegria. Os autores das matérias mantêm um certo tom erudito, mas em linhas gerais, o texto de cada uma delas é bastante acessível para a maioria da população. Adolescentes e adultos tendem a odiar a disciplina “História”, assim, pouco se resgata da memória brasileira. Livros históricos não estáo entre os mais vendidos por aqui, talvez por causa da quantidade de páginas ou porque os textos são tediosos e detalhistas.

A opçào para que os brasileiros iniciem um processo de conhecimento de sua história passa por uma revista de qualidade. Senão, vejamos os artigos deste mês: Contando os milhões. Matéria sobre as origens do recenseamento e do IBGE. Quatro deliciosas páginas com várias fotos, ilustrações e gráficos. Produzida por Tarciso Botelho, Professor do mestrado de Ciências Sociais da PUC de Minas Gerais e doutor em História Social pela USP. Gabaritado.

Passagem para o Purgatório é uma outra matéria, agora sobre a origem dos verdadeiros colonizadores do Brasil. O texto de abertura diz o seguinte: “Segundo uma velha tese, o Brasil foi colonizado por criminosos, uma escória condenada em Portugal ao degredo nos trópicos. Os documentos revelam, no entanto, que não foi bem assim.” Muito revelador. Para saber sobre seus ascendentes, leia mais na revista. Geraldo Pieroni, Professor da Universidade Tuiuti e autor de vários livros sobre o tema escreveu o artigo, também rico em ilustrações.

De uma maneira geral, o editor Luciano Figueiredo e seu consultor, o jornalista Marcos de Sá Corrêa, acertaram a mão nessa revista. Eles conseguiram colocar num mesmo lugar, desde assuntos como a malandragem carioca até a história verdadeira da feijoada, passando por entrevistas com famosos, mapas cartográficos de todos os tempos e literatura clássica brasileira, como mostrou bem o artigo sobre a criação de narizinho, personagem de Monteiro Lobato.

Nossa História é o começo. Um ótimo começo para tentarmos, pelo menos, eliminar um pouco desta mentalidade tupiniquim de que odiamos nosso passado, pois ele é chato e sem graça, ou porque não tem o glamour de franceses e ingleses. Como disse o editor, “o passado pode ser uma experiência compartilhada, com outras terras e outras gentes”.

Voltar ao topo