Nem mesmo a morte pode apagar o sorriso de Nair Bello

Foto: Divulgação

Nair Bello nunca usava roupa marrom.

São Paulo – A atriz Nair Bello, de 75 anos, que estava internada há cinco meses, após sofrer uma parada cardíaca na manhã do dia 11 de novembro em um cabeleireiro de Higienópolis, morreu às 13h06 de ontem, no Hospital Sírio-Libanês de São Paulo.

Seu corpo seguiu para o velório na Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo, na Avenida Pedro Álvares Cabral, 201, no Ibirapuera, segundo o boletim médico divulgado pelo Sírio-Libanês, assinado pelo superintendente Maurício Ceschin e pelo diretor Antônio Lira.

Nair passou 157 dias hospitalizada. Após a parada caríaca ficou internada em coma na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Sírio-Libanês até o dia 13 de janeiro. Nesta data, foi transferida para a Unidade Crítica Geral (UCG), onde permaneceu em um quarto aparelhado com atendimento de UTI, mas podendo receber visitas.

No quarto, Nair oscilou entre estados de coma e de consciência, quando chegou a responder a alguns estímulos externos, assistiu TV, folheou revistas e reconheceu seus familiares. No dia 2 de março, a atriz começou a respirar sem o auxílio de aparelhos e, semanas depois, foi transferida para a Unidade de Cuidados Semi-intensivos. No dia 30 de março, porém, ela voltou para a UTI, com nova arritmia cardíaca, e seu quadro clínico piorou ainda mais, quando foi sedada e passou a respirar com a ajuda de aparelhos, vindo a falecer.

Supersticiosa

Como Roberto Carlos, ela não usava marrom, de jeito nenhum. Nair Bello era supersticiosa, mas, acima de tudo, como gostava de se definir, era perua. Quando fez a Gema de Perigosas peruas e, depois, a Cininha de A viagem, duas novelas muito populares, ela emprestou vários pertences pessoais à produção, para criar as personagens.

Nair adorava roupas coloridas, unhas pintadas de vermelho sangue, batom (vermelhão), cílios postiços, brincos grandes. Tudo isso, e mais outros itens, compõem os dez mandamentos da perua, que ela afirmava seguir, religiosamente. O mundo desde hoje ficou um pouco menos colorido.

No sábado, 11 de novembro, ela teve uma parada cardíaca no salão de cabeleireiro. Levada para o hospital, teve mais duas paradas cardíacas.

Para o público, Nair Bello foi, acima de tudo, comediante, exercitando seus dotes na televisão mais do que no teatro e no cinema (que fez pouquíssimo). Começou no rádio, na Record, há 57 anos.

Essa primeira fase durou pouco, pois Nair se casou e afastou-se por três anos, já que teve, em seqüência, três filhos. Não dava, num primeiro momento, para conciliar a maternidade com o trabalho. Em 1956, voltou à ativa, mas em vez da rádio, foi para a TV Record, onde, em 1959, Blota Jr., percebendo seu potencial cômico, convidou-a para fazer um humorístico. Nair criou uma italiana, a Santinha, ao lado de Roberto Corte Real, que fazia Epitáfio, e o programa Show Ideal foi um sucesso.

Desde então, nunca mais parou de fazer rir. Paulista do Cambuci, Nair Bello Sousa Francisco nasceu no dia 28 de abril de 1931, signo de Touro. Cresceu em meio a uma grande concentração de italianos, que são maioria no bairro. Ela própria era neta de italianos. Terminou rotulada. Numa entrevista, disse certa vez – ?Se tem italiana na trama, eles não pensam duas vezes. Chamam a Nair?.

Corpo velado na Assembléia

(AE) – O corpo da atriz e comediante Nair Bello, de 75 anos, que faleceu hoje após ficar internada por cinco meses devido a problemas cardíacos, está sendo velado na Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo, na zona sul da capital paulista. O enterro de Nair Bello será realizado hoje no Cemitério do Araçá, na Avenida Doutor Arnaldo, na região do Pacaembu, zona oeste da cidade.

A missa de sétimo dia da morte de Nair Bello também já está agendada. Será realizada na próxima segunda-feira, às 11 horas, na Igreja São José, no bairro Jardim Europa.

Em nota, o Hospital Sírio-Libanês informou que a atriz morreu devido a uma nova arritmia cardíaca – irregularidade no ritmo cardíaco – e insuficiência respiratória.

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