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Morre Ângela Maria, a cantora mais popular do Brasil

Ângela Maria foi a inspiração para Elis Regina. Foto: Murilo Alvesso

A cantora Ângela Maria morreu na noite deste sábado (29), aos 89 anos, em São Paulo. O velório e o enterro, às 16h deste domingo (30), estão marcados para a zona sul da capital paulista, no Cemitério Congonhas, que confirmou a realização das cerimônias. De acordo com informações da unidade do Itaim Bibi do Hospital Sancta Maggiore, onde a artista estava internada desde o final de agosto por causa de uma infecção generalizada, ela não resistiu a uma parada cardíaca.

Nascida em Conceição de Macabu, no Rio de Janeiro, Abelim Maria da Cunha assumiu o nome artístico de Angela Maria e começou a carreira de cantora aos 19 anos, em 1947. Gravou dezenas de sucessos e ganhou o título de “Rainha do Rádio”, graças a eleição na edição de 1954 do tradicional concurso criado pela Associação Brasileira de Rádio. A intérprete se notabilizou como uma representante do gênero samba-canção, que surgiu no Brasil nos anos 1930.

O último álbum de estúdio da artista foi “Ângela Maria e as Canções de Roberto & Erasmo”, lançado em 2017, pela gravadora Biscoito Fino. Ao longo da carreira, a cantora promoveu parcerias com Roberto Carlos, Gal Costa, Caetano Veloso, Agnaldo Timóteo, Alcione, Cauby Peixoto, Fafá de Belém, Ney Matogrosso, entre outros. Foi candidata a vereadora da cidade de São Paulo na eleição municipal de 2012, pelo PTB, mas não se elegeu.

A artista

Ângela Maria brilhou como a mais popular cantora do Brasil em um período em que justamente as cantoras ditavam a moda na música brasileira. Sua “ídola” Dalva de Oliveira acabou sendo superada, assim como Nora Ney, Lana Bittencourt, Linda Batista, Aracy de Almeida e outras mais. Com um repertório que o público queria ouvir, repletos de boleros e sambas-canção, a Sapoti se consagrou. A extensão vocal permitia que ela se arriscasse, e lhe deu seu grande sucesso, “Babalu”, que ela precisou interpretar até o fim da vida.

Após a explosão da Bossa Nova, seguida pela Jovem Guarda e o Tropicalismo, a música popular brasileira se transformou. Virou MPB, assim mesmo, com letra maiúscula. E Ângela virou “brega”, tal como seu gêmeo musical Cauby Peixoto. Mas a recuperação crítica foi com a maior de todas, Elis Regina, que fez da Sapoti sua referência no início da carreira. Em 1972, a homenagem feita por Elis na TV Globo, cantando “Vida de Bailarina”, consolidou a relação direta entre as duas.

A sólida trajetória de Ângela Maria foi construída até o final de seus dias. Não deixou de cantar, de se apresentar e de gravar. Era reverenciada pelos grandes nomes da MPB. E deixou seu nome escrito entre as maiores figuras da cultura brasileira.