Milton Hatoum lança romance “Cinzas do Norte”

Milton Hatoum chega ao seu terceiro livro, intitulado ?Cinzas do Norte? (Companhia das Letras, 312 pág. R$ 39,00), com uma missão complicada: superar o soberbo Dois Irmãos – um dos grandes romances brasileiros dos últimos anos. E para falar sobre o novo livro e a literatura brasileira, ele vem a Curitiba amanhã (21 de outubro) e participa de um bate-papo com o público. O evento acontece às 19h, na Livrarias Curitiba Megastore do Shopping Estação, com entrada franca.

Tempo

Foram cinco anos entre Dois Irmãos e o recém-lançado Cinzas do Norte. Uma espera relativamente curta, se comparado aos onze anos entre a estréia Relato de um Certo Oriente e Dois Irmãos. E o livro novo chega em momento adequado, quase estudado. Denúncias de corrupção por toda parte, conceitos e arautos da ética caindo, uma população que se divide entre a revolta e a conformação em relação à crise. Um país em frangalhos.

Milton Hatoum integra a rara cepa de escritores capazes de transformar ficção em memória. Seus livros têm aroma, sabor e textura. Têm temperatura e umidade. São repletos de ruídos e sons. É um narrador hábil, capaz de descrever situações, comportamentos e ambientes com impressionante economia verbal.  

Em Cinzas do Norte, Hatoum traz a história de dois amigos, Mundo e Lavo, e tem como pano de fundo o regime militar. A obra é o relato de uma longa revolta e do esforço de compreendê-la.

Enredo

Na Manaus dos anos entre 1950 e 60, dois meninos travam uma amizade que atravessará toda a vida. De um lado, Olavo – de apelido Lavo – o narrador, menino órfão, criado por dois tios maus e mal remediados que cresce à sombra da família Mattoso. De outro, Raimundo Mattoso, ou Mundo, filho de Alicia – mãe jovem e mercurial, e do aristocrático Trajano.

No centro das ambições de Trajano está a Vila Amazônia, palacete junto a Parintins, sede de uma plantação de juta e pesadelo máximo de Mundo. A fim de realizar suas inclinações artísticas, ou quem sabe para investigar suas angústias mais profundas, o jovem engalfinha-se numa luta contra o pai, a província, a moral dominante e, para culminar, os militares que tomam o poder em 1964 e dão início à vertiginosa destruição de Manaus.
 
Nessa luta que se transforma em fuga rebelde, o rapaz amplia o universo romanesco que alcança a Berlim e a Londres irrequietas da década de 1970 de onde manda sinais de vida para o amigo Lavo, agora advogado, mas ainda preso à cidade natal.

Outros fios completam o tecido ficcional de Cinzas do Norte: uma carta que o tio Ranulfo envia a Mundo, uma outra que este deixa como legado para o amigo de infância. São versões e revelações que se cruzam ou desencontram, sem jamais chegar a esgotar o enigma de uma vida singular ou a diminuir a dor da derrota final, às mãos da doença, da solidão e da violência.  

Perfil

Nascido em Manaus em 1952, Milton Hatoum ensinou literatura na Universidade do Amazonas e na Universidade da Califórnia, em Berkeley. Estreou em 1989 com o romance Relato de um Certo Oriente, seguido de Dois Irmãos (2000), ambos ganhadores do Prêmio Jabuti de melhor romance e publicados em oito países.

Serviço
O livro ?Cinzas do Norte? tem 312 páginas, é publicado pela editora Companhia das Letras, custa R$ 39,00, pode ser encontrado em qualquer loja da rede ou no site www.livrariascuritiba.com.br

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