Marília Pera remonta a peça “Irma Vap” em São Paulo

São duas mocinhas no palco. Tagarelam, bebericam suas xícaras de leite e cada uma se recolhe em um quarto. Menos de um minuto depois, dois homens aparecem, como se não tivessem se travestido de mulher segundos atrás. Essa é a mágica por trás do espetáculo O Mistério de Irma Vap, que estréia amanhã, no Teatro Shopping Frei Caneca, em São Paulo. Deve ser também parte da magia que fez a primeira versão da peça ficar em cartaz durante 12 anos, a partir de 1986.

A diretora dos tempos áureos é a mesma de hoje, Marília Pera. Mudaram os atores: no lugar de Marco Nanini e Ney Latorraca entram Marcelo Médici e Cássio Scapin – escolha que a diretora justifica pela “genialidade” de ambos. Médici e Scapin negam estar tensos com a inevitável comparação com os veteranos. “Mas acho que vamos começar a ficar, de tanto que perguntam isso”, brinca Médici.

A impressão é de que ninguém ali tem muito com o que se preocupar. Pelo menos do lado de cá da coxia. Já nos bastidores… “Lá atrás é uma loucura, está mais para A Hora do Pânico que para uma comédia”, diverte-se Scapin, ao comentar a rapidez das trocas de roupa. O figurino assinado por Fabio Namatame muda ao menos 50 vezes. A presteza no vestir é a maior vedete do espetáculo. “Há uma matemática do cenário e das roupas do primeiro espetáculo, de 1986, que tivemos de manter”, conta Marília.

O humor que se espera dos dois atores é comprovado no palco. Irma Vap tem a chave cômica de dois homens vestidos de mulher e um texto que fazia parte da chamada Ridiculous Theatrical Company, do inglês Charles Ludlam. “A peça traz um monte de besteirinhas ditas como se fossem verdades absolutas”, define Marília. Todas as “besteirinhas” são proferidas apenas pelos dois atores, que vivem oito personagens ao todo.

A quantidade de cenas prescritas requer tempo. “O original, que vi no exterior em 1983, durava três horas. Quando estreamos em 1986 aqui no Brasil, já tínhamos 40 minutos a menos”, conta a diretora. Hoje, a peça soma 120 minutos, 15 deles para intervalo. As informações são do Jornal da Tarde.