Marco Nanini estreia no Rio ‘Beije Minha Lápide’

De tanto receber beijos, cuja acidez da saliva provocava deterioração de sua estrutura, a lápide do escritor britânico Oscar Wilde (1854-1900), no labiríntico cemitério de celebridades de Paris, o Père Lachaise, foi isolada por uma proteção de vidro. Apesar da intenção preventiva, a atitude gerou revolta dos fãs do escritor, a ponto de um deles, chamado Bala, ter quebrado a barreira, o que lhe causou a prisão.

A primeira parte dessa história (o envelopamento vítreo do jazigo de Wilde) é verdadeira, mas Bala é um personagem fictício e sua passagem pela prisão, ironicamente fechado em uma redoma de vidro, é tema da peça Beije Minha Lápide, que estreia no dia 29, no Centro Cultural dos Correios, no Rio. “Ele é um homem fanático pela inteligência e pelo triste destino de Wilde e, por isso, muitas vezes, se confunde com o próprio ídolo”, explica o ator Marco Nanini, que vive o protagonista da peça.

Beije Minha Lápide é fruto de uma profunda admiração de Nanini pela obra de Wilde. “Sempre ambicionei em trazê-lo para o teatro, mas jamais adaptar algum de seus trabalhos ou mesmo interpretar o próprio Wilde. Eu queria algo que traduzisse a sua essência.”

A proteção de vidro no túmulo do escritor foi o ponto de partida e Nanini retomou a parceria com o diretor Felipe Hirsch, com quem participou de montagens memoráveis (Os Solitários, A Morte do Caixeiro Viajante, Pterodáctilos).

O encenador, no entanto, não pode continuar e o trabalho foi transferido para uma dupla: o dramaturgo Jô Bilac assumiu a construção do texto, enquanto Bel Garcia cuida da direção de atores, que conta ainda com Carolina Pismel, Júlia Marini e Paulo Verlings, da Cia Independente. “Fiquei impressionado com uma montagem dirigida pela Bel e encenada pelo Paulo, Conselho de Classe”, conta Nanini. “Foi o que me deixou confortável a participar dessa nova empreitada.”

A construção do espetáculo foi conjunta, ou seja, participação coletiva – com o texto de Bilac nas mãos, diretora e intérpretes discutiam as cenas, faziam ajustes, propunham modificações e as melhores eram encampadas pelo dramaturgo, que reescrevia e surgia no dia seguinte com uma nova proposta. “Em praticamente um mês, definimos o texto ao mesmo tempo em que as cenas eram montadas”, conta Bel. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Voltar ao topo