Maioria dos brasileiros nunca foi ao cinema ou ao museu

A sétima arte ainda está muito longe da realidade dos brasileiros. Uma pesquisa aponta que 68% da população nunca foi ao cinema. Isso está intimamente ligado às salas de projeção, que estão presentes em apenas 10% das cidades brasileiras. Quando o assunto é museu, os números não diferem muito. A estimativa é que 70% dos brasileiros nunca visitaram esses espaços, que existem em 17% dos municípios do Brasil.

Os dados fazem parte de um conjunto de pesquisas elaboradas com dados secundários retirados de organismos como Ibope, IBGE e Ministério do Trabalho -, e que compõem dois cadernos sobre a Economia e Polícia Cultural e Política Cultural no Brasil, feitos em parceria pelo Ministério da Educação e Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). O material deve servir de reflexão para a implantação de medidas que visam melhorar o acesso e oferta desses bens culturais.

O pesquisador do Ipea, Frederico Barbosa da Silva, destaca que, em relação ao cinema, várias razões explicam esse cenário. Uma delas é a distribuição dos cinemas, que estão concentrados em pouco mais de 30 grandes cidades brasileiras. Além disso, o custo das bilheterias e a difícil localização também contribuem para isso. ?Mas aliado a tudo isso tem a competição com a televisão e o dvd, que de forma indireta, proporciona o mesmo produto do cinema?, falou Barbosa.

A dona-de-casa Tereza do Rocio Euco conta que o último filme a que assistiu no cinema foi Roberto Carlos em ritmo de aventura, isso, há mais de 30 anos. Segundo Tereza, o cinema ficou muito caro e por isso prefere assistir à televisão. O mesmo acontece com o aposentado Erfriedo Stephan, que afirma que com a televisão ele tem o controle de ligar e desligar na hora que quer. De acordo com o pesquisador do Ipea as pessoas mais velhas também se distanciaram do cinema em função da violência das ruas e dificuldade de acesso. ?Com isso boa parte do consumo é feito dentro de casa, o que aponta um desafio de espaços públicos de socialização?, comentou.

No que se refere aos museus, Frederico Barbosa da Silva comenta que o grande problema do pouco acesso é a desorganização das cidades e falta de articulação com a população. ?Esses espaços precisam mudar sua concepção de museologia e promover ações que transformem os museus em pontos de encontro?, falou, acrescentando que ?muitas pessoas ainda têm a errônea idéia que museu é local de coisa antiga?.

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