Jamais Te Esquecerei marca nova fase na teledramaturgia do SBT

Casal romântico de novela mexicana passa sempre por um verdadeira via-crúcis para alcançar a felicidade. O remake brasileiro para Jamais Te Esquecerei não poderia fugir desse e de outros clichês. Essa é uma das principais razões das críticas que a novela sofre. Mas que ignora que a trama romântica, com uma clara dicotomia entre heróis e vilões, atende a uma faixa de público considerável. Tanto é assim que é capaz de fornecer uma audiência de até os dois dígitos para o SBT, apesar de estar no mesmo horário do Jornal Nacional, da Globo.

O SBT percebeu, há tempos, esse nicho de mercado. A princípio, limitou-se a importar e exibir novelas mexicanas, como Maria do Bairro e Simplesmente Maria. Depois, passou a produzir versões com atores brasileiros. Além de eliminar problemas de dublagem, a presença desses atores aproxima as tramas do público. Contudo, nunca pretendeu torná-las mais brasileiras, no sentido de mais próximas da realidade do País. Até por imposição contratual, manteve a estrutura narrativa dos textos originais. Assim, não se poderia esperar qualquer complexidade dramatúrgica. Ou seja: Jamais Te Esquecerei é uma obra fechada. A ponto de ser gravada com muita antecedência em relação ao que vai ao ar.

Esse respeito ao texto original impede, por exemplo, que ajustes sejam feitos. Em Jamais, a vilania do advogado Vítor, personagem de Marcos Wainberg, ficou sempre em primeiro plano, apesar da atuação caricatural. Enquanto isso, deixou-se de dar mais espaço para Danton Mello, que encontrou o tom certo para o mulherengo Eduardo, e até para a Leonor, vivida por Bia Seidl. Embora a megera tenha tido uma participação bastante efetiva na trama – especialmente quando fez o filho Danilo acreditar que era irmão de Beatriz -, a boa interpretação da atriz poderia ter lhe rendido um destaque maior.

Outra dificuldade fica por conta da modesta estrutura que os profissionais têm para trabalhar. É bem verdade que iluminação, maquiagem, cenário – com muitas externas – e figurino, que costumam ser desastrosas nas novelas mexicanas, se adequaram bem ao padrão nacional. Entretanto, pode-se sentir que a iluminação continua sem brilho e a cenografia ainda é bastante acanhada. Além disso, a exemplo dos originais mexicanos, os enquadramentos são muito tradicionais, com poucos movimentos de câmara.

Talento

As amarras técnicas, do texto e de formato torna louvável o trabalho da direção e dos atores da novela. O SBT reuniu um grupo predominantemente talentoso e os diretores de elenco, Fernando Ricoleta, e geral, Henrique Martins, extraíram o máximo de seus integrantes. Alguns atores tiveram o mérito de tornar os personagens menos mexicanos, mas sem que isso implicasse em perda da essência da história. Os protagonistas Fábio Azevedo e Ana Paula Tabalipa, por exemplo, construíram seus personagens com a pieguice necessária, considerando-se a carga melodramática das ida e vindas do casal Danilo e Beatriz.

Jamais Te Esquecerei cumpriu bem, dentro das limitações impostas. E o SBT ainda mantém aberta uma possibilidade profissional viável para atores que estavam na geladeira da Globo. Em Jamais, nomes como Bia Seidl, Jonas Bloch, Clarisse Abujamra e Tássia Camargo deram um toque de classe à trama. Essa tendência aparece na sucessora Canavial de Paixões, com Débora Duarte, Jonas Mello, Cláudia Ohana e Victor Fasano, entre outros, no elenco, e promete nortear as futuras produções da emissora

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