Imortais em Curitiba pelo prazer da leitura

O livro é um instrumento de prazer, não só um objeto de cultura. Assim pensam os escritores Carlos Heitor Cony e Moacyr Scliar, que estiveram ontem em Curitiba, em mais um dos eventos culturais de inauguração da megastore das Livrarias Curitiba no ParkShopping Barigüi. Os dois imortais da Academia Brasileira de Letras manifestaram sua opiniões favoráveis à leitura não como uma obrigação, mas sim como algo lúdico.

Cony explicou que a compreensão do livro tem que ser bem mais ampla que apenas algo que torne a pessoa culta. “Temos que gostar de ler por nos fazer bem, assim como ouvimos música, vamos à praia e ao teatro”, comparou. Ele citou a maneira como os livros são impostos às crianças: “Elas vão à escola e recebem a leitura como obrigação para passar de ano. Assim que concluem determinado período dos estudos, se desobrigam a ler, perdem o apetite pelos livros, pois eles lhes foram impostos e nunca trouxeram prazer”, considera. “Livro é um produto de primeira necessidade, e que me dá prazer. Um refrigerante ou uma cerveja, por exemplo, vendem pela sensação boa que passam, não só para hidratar”, compara.

Livrarias

Scliar destacou que grandes livrarias, com produtos variados e ambientes acolhedores, fazem com que os jovens leitores não se intimidem ao procurar uma boa leitura. “Antes as livrarias eram solenes, algo elitistas”, lembrou. Para ele, o livro deve ser composto basicamente por prazer e emoção. O escritor gaúcho contou que em sua infância a leitura era obrigatória, e de livros diferentes da realidade. “Na minha época de estudos, um dos castigos que meu professor aplicava era copiar um trecho de Os Lusíadas. Li várias vezes, mas confesso que o detesto até hoje, por lembrar que não li por vontade, e sim obrigado”, confessou. Scliar defende ainda que o livro pode servir de contraponto para a vida estressante: “Livro é tranqüilidade. Você o lê a hora que quiser. Não entendeu ou esqueceu de um trecho, tem como reler”, concluiu.

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