Iggy Pop rouba a cena no Claro Que É Rock

A chuva e o mau tempo bem que tentaram estragar, mas não teve clima ruim que afastasse distintos amantes do rock da chácara do Jockey no último sábado, em São Paulo, onde rolou o Festival Claro Que É Rock. Cerca de 25 mil pessoas, números da produção do evento, fizeram deste um festival de três caras bem diferentes e onde o astro quase sexagenário Iggy Pop tirou qualquer dúvida de quem seria a estrela maior do festival, independente da escalação.

A primeira parte ocorreu com a disputa final das bandas das seletivas que o Claro Que É Rock promoveu durante a turnê do Placebo, em abril. Cartolas, grupo de Porto Alegre, foi a vencedora e faturou uma van, o direito de gravar um disco e dois videoclipes.

A segunda fase da festa foi marcada pela histeria teen causada pela banda americana Good Charlote. Com um repertório bem executado, mas que destoava das principais atrações da noite, todas com grande relevância no mundo da música, a banda fazia a horda de adolescentes vestidos de preto dar gritos agudos a cada nova música. Mas as coisas melhoraram após as 21h, quando o ex-Faith No More, Mike Patton subiu ao palco com o seu estranhíssimo Fantomas, que conseguiu muitos aplausos de espectadores já mais velhos, com um repertório nada ortodoxo e bem experimental.

A apresentação do Flaming Lips foi marcada por interatividade e beleza. Logo no início o vocalista Wayne Coyne pediu à platéia que imaginasse que ele tinha descido do espaço quando passou literalmente por cima das cabeças das pessoas do público dentro de uma bolha de ar gigante. De volta ao palco, ele bem que tentou empolgar com suas composições mais conhecidas, como Jelly, mas o grupo, que não tem nenhum disco lançado no País, só fez todo mundo cantar com a cover de Bohemian Rapsody, do Queen. Aos 58 anos, mas com fôlego de garoto, a lenda Iggy Pop comandou seus Stooges numa catarse coletiva com grandes hits da banda, como Dirt e I wanna be your dog. A apresentação teve direito a invasão de palco do público e os malabarismos de Pop, que apesar do frio se apresentou sem camisa, sua marca registrada.

A seguir os integrantes do Sonic Youth fizeram uma apresentação de guitarras distorcidas e da voz penetrante do vocalista Kim Gordon, que hipnotizou a platéia em um show com faixas mais reflexivas. Por último o Nine Inch Nails mostrou sua mistura de rock denso e música eletrônica, mas quem olhava novamente para o palco parecia ainda ver o espectro de Iggy Pop se contorcendo e dando aula de como se faz um rock-star.

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